PIQUETCHÊ DO DG
Vencedor do Enart 2017, CPF Piá do Sul busca o bicampeonato
Integrantes da entidade de Santa Maria têm ensaios diários. Final do Enart ocorre entre os dias 16 e 18 de novembro, em Santa Cruz do Sul
Quem está envolvido neste meio sabe: a final do Encontro de Artes e Tradições Gaúchas (Enart), evento mais aguardado do calendário tradicionalista, está chegando. Será entre os dias 16 e 18 de novembro, em Santa Cruz do Sul. O encontro envolve competições de danças tradicionais, música, chula e outras categorias, mas a grande expectativa é saber qual invernada vencerá o concurso de Danças Tradicionais na Força A, a "elite".
O campeão de 2017 foi o Centro de Pesquisas Folclóricas (CPF) Piá do Sul, de Santa Maria, que já havia vencido em 98, 99 e 2003. Neste ano, o grupo quer repetir a dose.
– A responsabilidade aumenta. Sabemos que os outros grupos estão trabalhando para ganhar do Piá – diz Lizandro Krum Carvalho, um dos coordenadores da invernada.
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Depois de tantos anos sem títulos do Enart, o Piá do Sul decidiu, em 2017, ao mesmo tempo, voltar às suas raízes e inovar. A invernada chamou de volta o instrutor de danças tradicionais Paulo Chervenski, que já havia trabalhado com o CPF nos anos em que foram campeões.
– Mudamos a metodologia dos ensaios para focar na harmonia. Na prática, isso significa fazer com que quem assiste consiga enxergar todos os membros como um grupo – explica Lizandro.
A inovação ficou por conta de uma decisão ousada: ao invés de explorar um tema nas coreografias de entrada e saída, e utilizar a mesma apresentação nas eliminatórias e na final, o Piá preparou dois temas. Consequentemente, foram duas coreografias.
– É como se tivéssemos dois anos de trabalho em um mesmo Enart. No sábado, falamos sobre Paixão Côrtes (1927 - 2018). No domingo, homenageamos Barbosa Lessa (1929 - 2002). Não lembro de outro grupo ter feito isso – diz Elizandro.
Para o auxiliar administrativo Rafael Lima, 28 anos de idade e 14 de invernada no Piá, foi uma aposta alta:
– Sabíamos que ou disputaríamos o título ou ficaríamos para trás, que era 8 ou 80.
A ousadia deu certo e o Piá levou o troféu. Superou o CTG Tiarayú, de Porto Alegre (campeão de 2016 que levou o segundo lugar em 2017), o CTG Aldeia dos Anjos, de Gravataí (que já venceu 11 vezes e levou o terceiro lugar naquele ano) e outros nomes fortes. Foi uma explosão de emoção.
– Sempre planejei o que eu faria quando ganhasse um Enart. Mas, quando anunciaram o nosso nome, não consegui falar nada, nem pegar o troféu. Não tem como explicar o sentimento, só vivendo – conta ele, que projeta a expectativa para este ano:
– Vamos enfrentar o pior adversário de todos: nós mesmos. Neste ano, fica mais difícil surpreender, vamos ser comparados com 2017 – diz Rafael.
Foi logo após levantar o troféu, no ano passado, que o CPF Piá do Sul começou a se preparar para o evento de 2018. Mas desde outubro os ensaios, que ocorriam quatro vezes por semana, se intensificaram: agora, a equipe se reúne todos os dias.
– Nesta época, não temos tempo para mais nada além de trabalhar e ensaiar. A gente abdica de todo o resto – diz Rafael.
Os horários precisam se ajustar aos compromissos das prendas e peões: durante a semana, os encontros ocorrem das 22h até a meia-noite. Já nos finais de semana, começam pela manhã só terminam a noite. Os integrantes mantém em sigilo total o tema e qualquer detalhe sobre a apresentação. Mas Rafael dá uma pista:
– O Piá sempre teve por característica fazer coisas diferentes. Posso garantir que nossa apresentação vai ser diferente de tudo o que já viram, mais uma vez.