Incentivo
Dia Mundial do Livro: iniciativa distribui obras de graça em paradas da Lomba do Pinheiro
Grupo de 12 voluntários participou da ação, que marcou a data celebrada nesta segunda-feira
Inúmeras pessoas que circulam pelas paradas da Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, fazendo o embarque e o desembarque dos ônibus, tiveram uma oportunidade diferente nesta terça-feira (23). Por duas horas e meia, funcionários e voluntários do Instituto Popular de Arte e Educação (IPDAE) distribuíram cerca de mil livros a passageiros nas paradas 6 e 21 do bairro. A ideia, em alusão ao Dia Mundial do livro, celebrado nesta terça, era incentivar o hábito da leitura.
Apaixonada por Zíbia Gasparetto, Ondina Simões Couto, 74 anos, não teve dificuldades em escolher uma obra para levar para casa, bastou enxergar o título O Repórter de Outro Mundo, da autora preferida, para tomar a decisão.
– É esse mesmo que vou levar, a Zíbia é minha preferida – disse.
Ondina tinha perdido a distribuição realizada pelo instituto no ano passado (já ocorreram outras seis edições), mas fez questão de garantir um livro neste ano.
– Esse tipo de ação é muito importante porque incentiva, as pessoas já não leem mais tanto hoje em dia – opinou.
Um grupo de 12 voluntários distribuiu os livros pelas paradas. Uma estante na Parada 21 mostrava a diversidade de gêneros disponíveis, que iam de Jorge Amado, Sidney Sheldon, Eça de Queiroz até Erico Verissimo. As obras vieram diretamente da Biblioteca Leverdógil de Freitas, localizada no mesmo bairro. Conforme a diretora do IPDAE, Fátima Flores, a Lomba do Pinheiro, com uma população de cerca de 80 mil pessoas, tem encontrado na biblioteca apoio para difusão do livro e da leitura.
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– As pessoas têm sede de livro e este ainda é um produto caro no Brasil. Por isso, estimulamos que retirem as obras, façam trocas, que se faça um intercâmbio da leitura – defendeu.
Para todas as idades
O Menino do Portinari, do autor Caio Ritter, foi a escolha do pequeno Bernardo Nunes da Silva, de seis anos. O livro, que chega a custar cerca de R$ 50 nas livrarias, foi levado de graça para a casa do pequeno. Bernardo garantiu que vai receber ajuda da mãe, Carla, 37 anos.
– Eu não sei ler, mas a minha mãe vai ler para mim – sentenciou o garoto, diante da confirmação da mãe.
A aposentada Beatriz dos Santos, 59 anos, assim como Bernardo ainda não aprendeu a ler. Apesar das tentativas, não conseguiu evoluir nos estudos. A dificuldade, no entanto, não impediu que ela também levasse um livro para casa.
– Eu tenho curiosidade, tenho vontade, mas já que não sei ler, as minhas filhas leem para mim – comentou.
Beatriz escolheu Os Velhos Marinheiros, de Jorge Amado, um dos autores brasileiros com mais obras vendidas no mundo. Outra moradora que participou da ação foi a técnica em enfermagem Flávia Martins, que cultiva o hábito da leitura desde nova. Apesar de ler menos do que gostaria, por conta da falta de tempo, procura manter os livros na sua vida.
– Ler é uma companhia. Hoje sigo para um lado de leitura mais técnica, pelo meu trabalho, mas gosto muito de literatura brasileira e russa – explicou.