Notícias



Conquista da comunidade

Hospital da Restinga completa cinco anos de funcionamento

Com três serviços inaugurados em 2018, instituição passou a funcionar com toda sua capacidade de operação

06/07/2019 - 05h00min


Jeniffer Gularte
Enviar E-mail
Tadeu Vilani / Agencia RBS
Local funciona desde a madrugada de 1º de julho de 2014

Aguardado por décadas pela comunidade da Zona Sul, o Hospital da Restinga Extremo-Sul completou cinco anos de atendimento nesta semana. Em funcionamento desde a madrugada do dia 1° de julho de 2014, a instituição, que virou um símbolo de luta especialmente na Restinga, já executou 2.756 cirurgias, recebeu 272 pacientes na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e fez 6.671 atendimentos de traumatologia. Estes são três dos serviços inaugurados o ano passado que fizeram o hospital passar a funcionar, desde então, com toda a sua capacidade de operação.

Pela emergência, apenas no último ano, foram feitos 93 mil atendimentos, e 3.480 internações clínicas nos 101 leitos. O resultado é muito mais que números para a comunidade, que têm hoje o hospital como referência.

Leia outras notícias do Diário Gaúcho

– O hospital mudou a autoestima de toda uma comunidade. Foi uma luta de 30 anos, algo que todo mundo achava que nem iria sair mais, que ficaria só na conversa dos políticos. Mas nós lutamos muito – avalia o líder comunitário Nelson Silva, 79 anos, que foi presidente do Comitê Pró-Construção do Hospital da Restinga. 

Nelson foi uma das figuras fundamentais na persistente disposição da comunidade em não desistir da obra. A também líder comunitária Rosemar Rodrigues Gomes, 51 anos, recorda dos esforços para não deixar a mobilização enfraquecer:

– Foram incontáveis reuniões à noite, muitas vezes em períodos de muito frio, em que corríamos atrás de uma carona para conseguir estar na Assembleia ou na Câmara – lembra ela, que mora há 36 anos na Restinga. No bairro, criou os seis filhos, que lhe deram 11 netos. Hoje, todos frequentam o hospital. 

Referência

Para a família de Rosemar, o hospital virou uma referência.

– Mesmo se todo o atendimento não ocorre ali, ao menos a gente sabe que começa e depois seremos encaminhados para outro local – diz ela, ao lembrar do neto que caiu de uma árvore na semana passada e, graças à proximidade com o hospital, logo foi socorrido. 

Tadeu Vilani / Agencia RBS
Rosemar participou da luta para que o hospital existisse

Embora tenha críticas à demora do atendimento, a filha de Rose, a artesã Paloma Renata Gomes, 27 anos, reforça a praticidade de ter o hospital para o tratamento de asma do filho. Antes, ela precisava levá-lo até o Hospital da Criança Santo Antônio, a 22 quilômetros de casa. Agora, a família vive a 1,9 quilômetro do Hospital da Tinga.

Acompanhamento

Conselheiro distrital de saúde da Restinga, Carlos Alexandre Vargas de Andrade, 51 anos, acredita que alguns ajustes no atendimento ainda são necessários e que, também por isso, o acompanhamento de perto da comunidade é fundamental.

– Estamos criando o conselho gestor da comunidade. Para acompanhar, ficarmos ainda mais próximos do dia a dia da instituição. O hospital faz muita diferença na nossa vida, não precisamos ir mais tão longe em busca de atendimento de saúde. É uma grande honra para o morador da Restinga poder dizer que tem um hospital no bairro – avalia ele.

Leia também
Cachorrinha Bia interage com pacientes no Hospital da Restinga
Após seis meses sob nova gestão, Hospital da Restinga registra aumento no número de procedimentos
Abertura da UTI faz Hospital da Restinga operar a pleno

O secretário-adjunto de Saúde de Porto Alegre, Natan Katz, salienta que a instituição tem importante papel na assistência à saúde da população da região, mas também presta serviços a toda população de Porto Alegre e do Estado que vem consultar na Capital.  

Transformação em hospital-escola e novos serviços

Do momento da abertura até agosto do ano passado, a instituição era administrada pelo Hospital Moinhos de Vento. Há 11 meses, após concorrência pública,  a gestão está a cargo da Associação Hospitalar Vila Nova (AHVN)

O atual diretor-executivo Paulo Scolari afirma que o hospital está com todos os serviços ativos e cumprindo todas as metas estipuladas no convênio firmado com a prefeitura.

– A partir de agora, queremos transformar o Hospital da Restinga em um hospital-escola. O plano para o próximo ano é ter uma residência médica no próprio hospital – projeta Paulo.

A direção também negocia com a Secretaria da Saúde a abertura de novos serviços, como cirurgias traumatológicas e biópsias de câncer de mama e de próstata. Para isso, o hospital teria que receber um aporte maior de recursos. Atualmente, o valor repassado mensalmente para a gestão do hospital é de R$ 3,7 milhões. A quantia é rateada entre União, Estado e município. 

– O maior desafio do hospital foi demonstrar que a gente podia atender à demanda com quantidade e qualidade. Este momento é de consolidação do trabalho – avalia Paulo Scolari. 





MAIS SOBRE

Últimas Notícias