Eu fui treinado desde criança pelas quebradas para ser um gladiador social. Fui ensinado a lutar contra a exclusão social, racismo e todo tipo de mazela que levava tristeza para as quebradas. Com o tempo, me tornei um cara de desejos nobres, mas coração duro. 

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Nos últimos anos, tenho tentado ser diferente. Não por mim, mas porque me dei conta de que estava passando para meus filhos os traumas de vida que eu carregava. Por mais que eu queira que eles saibam que a vida, às vezes, bate forte, não poderia continuar fazendo deles soldados de uma guerra que sequer sabiam porque lutavam. Essa consciência me obrigou a ver a vida com os olhos deles, uma forma de ver que ignorava as pauladas dos racistas e preconceituosos. 

Quando comecei a ser como eles e não fazer das atitudes escrotas as pautas de minha vida, fiquei mais leve e tranquilo. Óbvio que não vamos ser alienados que não notam quando estamos sendo vítimas de sacanagens por conta de nossas origens, mas reduzir nossa vida à dor que os outros nos causam é dar a eles um troféu, e não vou dar isso a quem quer meu mal. A pergunta que te convido a fazer é: que mundo você apresenta para seus filhos, um mundo de amor ou de dor? Quem vê amor, produz amor dentro de si. Quem vê dor, produz dor dentro de si. O que você quer para seus filhos? Essa é a decisão.