Reação
Pelo menos 68 postos fecham após prefeitura anunciar extinção de órgão responsável por saúde da família
Interrupção nos trabalhos em unidades de saúde ocorre por iniciativa de servidores, de acordo com a Secretaria de Saúde
A Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre confirma o fechamento de pelo menos 68 unidades de saúde após a notícia de que o Instituto Municipal da Estratégia de Saúde da Família de Porto Alegre (Imesf), alvo de uma guerra judicial desde 2011, será extinto. A prefeitura anunciou nesta terça-feira (17) que, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), terá de demitir os 1.840 funcionários do órgão, entre médicos, enfermeiros e agentes comunitários.
Embora o prefeito Nelson Marchezan tenha assegurado a continuidade do serviço, garantindo que não haveria prejuízos à população, o fechamento dos postos estaria ocorrendo por iniciativa dos próprios funcionários, convocados por lideranças sindicais, segundo a Secretaria de Saúde.
Diretor-geral do Sindicato dos Municipários (Simpa), Alberto Terres destaca que não há uma recomendação por parte do órgão pelo fechamento dos postos, mas atesta que há um "movimento espontâneo por parte dos servidores que estão se sentindo acuados".
— Esses funcionários estão indo para a frente da prefeitura em um protesto por conta do terrorismo que a gestão tem feito. Uma vez que a prefeitura vai para um veículo de imprensa dizer que 1,8 mil vão ser demitidos, os funcionários não esperam, e, obviamente, as entidades dão apoio. O problema é a ameaça do desemprego, de funcionários qualificados, de uma hora pra outra, serem demitidos.
Os embates envolvendo o Imesf tiveram início em dezembro de 2011, quando a Associação Brasileira em Defesa dos Usuários de Sistemas de Saúde (Abrasus) e outras 16 entidades sindicais e de classe (incluindo o Simpa) entraram na Justiça. O grupo questionou a validade da lei que autorizou a criação do Imesf, sancionada na gestão de José Fortunati com o objetivo de tornar mais eficientes a gestão e a contratação das equipes. Após idas e vindas nos tribunais, a 1ª Turma do STF concluiu, na última quinta-feira (12), que a norma é inconstitucional. Como não há mais possibilidade de recurso, assim que a prefeitura for notificada — o que deve ocorrer em pelo menos 10 dias —, será obrigada a fechar o Imesf, dar baixa ao CNPJ e emitir aviso prévio para a demissão de todo o quadro funcional.
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Terres afirma que houve falta de planejamento por conta da gestão de Nelson Marchezan.
— Uma hora essa decisão aconteceria, e ele simplesmente esperou acontecer. O que tem que ser feito neste momento é achar uma forma desses 1,8 mil funcionários serem admitidos e chamar mais trabalhadores via concurso, que é o que preconiza o sistema de saúde — opina.
Todas as 264 equipes de Saúde da Família do município contam com profissionais do Imesf. Dos 140 postos existentes na cidade, 77 são administrados exclusivamente pelo instituto, objeto de disputa jurídica há oito anos.
Confira a lista de unidades de saúde afetadas, segundo a secretaria:
- Alto Embratel
- Santa Tereza
- Vila Gaúcha
- Vila Cruzeiro
- Cruzeiro do Sul
- Divisa
- Estrada dos Alpes
- Osmar Freitas
- Graciliano Ramos
- Jardim Cascata
- Nossa Senhora das Graças
- São Gabriel
- Tronco
- Alto Erechim
- Cohab Cavalhada
- 5ª Unidade
- Chácara do Banco
- Chapéu do Sol
- Clínica da Família
- Lami
- Núcleo Esperança
- Paulo Viário
- Pitinga
- Ponta Grossa
- Macedônia
- Campo da Tuca
- Ernesto Araújo
- Esmeralda
- Herdeiros
- Lomba do Pinheiro
- Morro da Cruz
- Pitoresca
- Recreio da Divisa
- Santa Helena
- Santo Alfredo
- São Pedro
- Viçosa
- Vila Vargas
- Maria da Conceição
- MAPA
- Mato Sampaio
- Timbaúva
- Wenceslau Fontoura
- Vila Safira
- Safira Nova
- Batista Flores
- Jardim Protásio Alves
- Tijuca
- Milta Rodrigues
- Vila Brasília
- Vila Pinto
- Laranjeiras
- Esperança Cordeiro
- Jenor Jarros
- Planalto
- São Borja
- Sarandi
- Nova Gleba
- Santo Agostinho
- Beco dos Coqueiros
- Passo das Pedras II
- Santa Maria
- Farrapos
- Fradique Vizeu
- Ilha da Pintada
- Ilha dos Marinheiros
- Mário Quintana
- Nazaré