Explica Aí
O Diário Gaúcho te ajuda a entender a alta no preço da carne
O Diário Gaúcho convidou a colunista de agronegócio de Zero Hora, Gisele Loeblein, para explicar os motivos do preço da carne bovina nas alturas
Quem gosta de fazer aquele churrasco no final de semana já percebeu que o preço da carne ficou bem mais salgado. A arrancada maior veio em novembro. E, até o final do ano, não há perspectiva de redução. Entenda as razões do fenômeno:
A carne bovina ficou mais cara?
Sim, levantamentos feitos por órgãos de pesquisa mostram que a carne bovina subiu. Aumentou tanto o valor pago ao produtor (o chamado valor do boi gordo) quanto o desembolsado pelo consumidor, nas gôndolas de supermercados.
Um indicativo dessa alta vem de dados apurados no Estado pelo Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro) da UFRGS.
A picanha, por exemplo, ficou 59,5% mais cara desde outubro, o filé mignon 49,3% e a alcatra, 44,4%. Nem a costela e a carne moída escaparam do aumento. A tendência é de que o produto siga valorizado até o final do ano.
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E o que explica esse aumento?
Há um conjunto de fatores que devem ser considerados para essa alta. Um dos mais falados neste momento é a maior quantidade de carne vendida pelo Brasil para a China. O país, que fica na Ásia, tem um problema que está afetando sua produção local. É a peste suína africana, uma doença que atinge suínos. Com isso, a oferta diminuiu, e os chineses precisaram ampliar as compras de outros países, de todos os tipos de carne. O Brasil é um deles.
Pela alta procura, a carne bovina ficou valorizada. Mas outras razões contribuíram. É o caso da redução no número de animais disponíveis para abate dentro do Brasil. Isso ocorreu pela seca registrada em outras regiões do país e também porque muitos produtores acabaram abandonando a atividade, por causa da baixa rentabilidade.
No Rio Grande do Sul, há outras particularidades: o clima ruim no inverno prejudicou as pastagens, que são alimento para engordar o gado, e só agora a produção começa a aumentar e o gado a ficar pronto para o abate. Isso quer dizer que há um intervalo até a produção voltar a todo o vapor.
Há perspectiva de voltar a cair o preço?
Só a partir do próximo ano. Os cortes devem começar a cair a partir do primeiro trimestre. No Estado, os primeiros meses do ano marcam o retorno ao auge da produção. Há alerta dos especialistas, no entanto, de que, mesmo com recuo, os preços não devem voltar aos patamares registrados no primeiro semestre deste ano.