Papo reto
Manoel Soares e a Wakanda Gaúcha
Quando defendemos que a cor da pele não importa, deixamos caminho livre para que o racista machuque corações indefesos, sugere jornalista
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Nesta semana, uma escola pública de periferia me pediu para ir com a roupa do herói Pantera Negra conversar com alunos sobre a alegria de sermos nós mesmos. Como esse encontro vai rolar depois que as aulas voltarem, pedi para a diretora me explicar o porquê da roupa de herói.
Ela me contou que um menino negro da escola foi vítima de piadas de colegas porque quis usar a fantasia de Super Homem. Eles diziam que não existia super herói negro e que ele deveria ser o vilão. Apesar de termos o Lanterna Verde, Super Shock, o novo Homem Aranha e em breve o Capitão América, ainda não moram no imaginário infantil heróis com a pele negra.
Colunista faz agradecimento aos leitores
Importa
Eu sei que muitos não acreditam que a cor da pele importa, mas foi a cor da pele deste menino que fez com que os colegas tirassem sarro dele. Meninas de pele escura têm poucas princesas parecidas com elas. Isso cria um sentimento de exclusão na cabecinha das crianças que precisa ser preenchido com iniciativas como a dessa professora.
De cada 100 crianças do nosso estado, 20 tem a pele escura. Elas precisam se ver nos desenhos e nas brincadeiras. A responsabilidade de criar espaços de representatividade é dos adultos. Quando defendemos que a cor da pele não importa, deixamos caminho livre para que o racista machuque corações indefesos. Convido todos que não são preconceituosos a fazerem sua parte para criar essa Wakanda Gaúcha na vida de crianças que não se veem como pequenos heróis.
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