Seu Problema é Nosso
Comunidades de bairros da Capital, de Canoas e de Alvorada reclamam da falta de entregas dos Correios
Sem as contas em mãos, alguns moradores estão buscando alternativas fugir dos transtornos causados pelos atrasos nos pagamentos
Atrasos, juros e taxas têm se tornado companheiros indesejáveis de alguns moradores da Capital e de cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre. E não são problemas financeiros. Desta vez, o que está tirando a tranquilidade dos habitantes é a pausa brusca na entrega de correspondências por parte dos Correios. Bairros de Porto Alegre, Canoas e Alvorada são afetados.
A falta de entregas tem sido retratada no programa Comando Maior, da Rádio Farroupilha. Em alguns locais, há seis meses não se vê a figura do carteiro deixando as correspondências. Sem as contas em mãos, alguns moradores estão buscando alternativas fugir dos transtornos causados pelos atrasos nos pagamentos.
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CANOAS: "NÃO TEMOS CULPA"
— Eu me sinto desamparada, é a palavra que posso usar para definir. É o direito de todo cidadão receber as cartas. Eles (Correios) são pagos pra isso.
Esse é o desabafo da aposentada Elohy Conceição Rodrigues, 69 anos. Moradora da Rua Beco do Beijo, bairro Olaria, em Canoas, ela está ansiosa pela chegada das correspondências por um motivo: a idosa foi assaltada em novembro do ano passado e teve a carteira levada pelos ladrões. Logo após a situação, ela solicitou novos cartões para os bancos, mas ainda não os recebeu devido ao atraso dos Correios.
— Tenho que correr atrás das contas, porque, se esperar pelos carteiros, eu nunca pago — afirma Elohy.
Morando há 39 anos na região, a aposentada conta que é a primeira vez que passa por esse problema na rua. Ela diz ter entrado em contato com a empresa para tentar entender o motivo disso, mas, até agora, não obteve um retorno.
— Ouvimos que estão demitindo carteiros, que a empresa está em crise. Eu entendo, mas nós não temos culpa disso — pontua.
ALVORADA: IMPRESSÃO DE BOLETOS
No bairro São Pedro, em Alvorada, a situação não é diferente. A cabeleireira Adriana Medianeira Marques de Oliveira, 38 anos, afirma estar há seis meses recebendo as correspondências de forma irregular. De acordo com ela, neste semestre, algumas contas já atrasaram dois meses. Outras, nem sequer chegaram à sua residência.
A cabeleireira mora próximo a um Centro de Distribuição dos Correios (CDD). Porém, ao tentar ir até o local para retirar suas faturas, ela foi informada de que nenhum morador é autorizado a pegar correspondências diretamente nos Correios.
A alternativa encontrada por Adriana, então, foi imprimir os boletos e fazer o pagamento dentro do prazo determinado, já que o valor das impressões é menor do que o custo dos juros que ela pagaria se aguardasse a entrega pelo carteiro.
PORTO ALEGRE: UM MÊS SEM CORRESPONDÊNCIA
A auxiliar de serviços gerais aposentada Eli Beatriz da Conceição, 53 anos, está há um mês sem suas correspondências. Moradora da Rua Dorival Castilhos Machado, no bairro Hípica, na Capital, ela conta que se sente feliz por conseguir receber, ao menos, as contas de água e luz em dia, já que não são os Correios que entregam.
Porém, as faturas deste mês dos cartões de crédito e a conta do telefone ainda não chegaram na casa da aposentada.
— É terrível! O dinheiro já está pouco, ainda precisamos gastar pagando juros. Assim não dá! — lamenta Eli.
Segundo ela, esta não é a primeira vez em que as entregas são suspensas. Em maio de 2019, a aposentada afirma que o mesmo ocorreu durante dois meses. Porém, ela afirma que, naquela época, os Correios alertaram os moradores de que eles deveriam retirar suas contas e compras diretamente nos CDDs da cidade, pois não havia carteiro.
Correios dizem que não há retenção
Questionado sobre o problema, os Correios garantiram que a Rua Uruguai, no bairro São Pedro, em Alvorada, não tem registro de reclamação de atrasos. Nesta cidade, de acordo com a empresa, é comum o uso de CEP incorreto, o que pode acarretar em atrasos, pois os carteiros utilizam esse número para se localizar na hora das entregas. Adriana, porém, garante que o CEP que utiliza está correto, pois, de acordo com ela, é o mesmo utilizado em todas as correspondências, mas apenas algumas chegam a sua casa.
Canoas
Sobre a situação de Canoas, os Correios informaram que o nome oficial da Rua Beco do Beijo, no bairro Olaria, em Canoas, é Rua Nossa Senhora da Candelária, mas muitos moradores ainda chamam de Beco do Beijo ou B1. Então, caso haja situações em que as entregas não ocorreram, pode ser devido ao nome da rua. No entanto, a empresa garantiu que não há registros de reclamações no local.
Porto Alegre
Já na Rua Dorival Castilho Machado, no bairro Hípica, em Porto Alegre, os Correios admitiram que houve atraso de alguns dias. Mas a empresa garante que resolveu o problema no sábado passado, por meio de uma força-tarefa que realizou as entregas atrasadas.
A CONTA NÃO CHEGOU. E AGORA?
/// Se não receber boletos bancários e faturas por conta do atraso dos Correios, a orientação é que o consumidor entre em contato com as empresas responsáveis pelas cobranças e solicite uma segunda via online ou o número do boleto para efetuar o pagamento dentro do prazo estabelecido.
/// Para contas de água, luz e telefone que são entregues pelos carteiros, é preciso entrar em contato com as empresas respectivas por telefone ou via site.
/// Sempre que os moradores tiverem algum questionamento sobre os serviços dos Correios, a empresa solicita que as situações sejam registradas nos canais de atendimento ao cliente da empresa. Para esclarecer dúvidas ou registrar reclamações, a população pode acessar o Fale Conosco, no site correios.com.br, ou ligar para a Central de Atendimento aos Clientes dos Correios (CAC), pelo telefone 0800-725-0100 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, e nos sábados, das 8h às 14h).
Produção: Thayná Souza