Coronavírus
Lideranças comunitárias e personalidades ressaltam importância do isolamento
Mesmo com diversas campanhas orientando a população a permanecer em casa, nas regiões periféricas de Porto Alegre, o movimento nas ruas ainda é elevado
Porto Alegre já tem 42 casos confirmados de coronavírus. No Brasil inteiro, até o final da tarde de ontem, eram 1.546 casos e 25 mortes causadas pela covid-19 — doença provocada pelo coronavírus. Na Capital, um porção de decretos já restringiu o funcionamento de locais públicos e privados, deixando ruas centrais e conhecidas áreas de lazer vazias neste final de semana.
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Até carros da Guarda Municipal circulam pela cidade, advertindo sobre os riscos de deixar o isolamento em casa. Ontem, o Guri de Uruguaiana, colunista do Diário Gaúcho, circulou por locais como o Parcão e a Redenção alertando frequentadores. A ação foi organizada pela Defesa Civil.
Porém, mais longe da região central, a aceitação do risco que é estar na rua ainda não parece ter chegado aos moradores. Além do movimento normal nas ruas, em alguns locais, até áreas de lazer foram ocupadas neste final de semana.
O Diário Gaúcho circulou, por exemplo, pela Praça México, no bairro Jardim Leopoldina, zona norte de Porto Alegre, onde dezenas de pessoas resolveram sair de casa neste domingo. Desde piqueniques até uso compartilhado de quadras esportivas e academias públicas, a rotina se manteve alheia à pandemia que assola o mundo.
O DG conversou com líderes comunitários e personalidades ligadas às populações da periferia. E eles alertam para a importância de ficar em casa neste momento tão delicado.
Confira os recados
— Neste final de semana, fui fazer uma doação de cesta básica na Vila Timbaúva. Cheguei lá de máscara e luva, parecia um ET. Todo mundo na rua, jovens jogando bola, adultos ouvindo música, lavando o carro, enfim, não tinha nada que lembrasse que estamos passando por uma crise no planeta inteiro. Isso passa pelo poder público. Tem que colocar carro de som na periferia também, ressaltar a importância de ficar em casa. A informação tem que chegar na vila.
Claudio Roberto da Costa, do Projeto Vó Chica — Líder comunitário na Vila Safira
— Aqui na Restinga, o pessoal ainda não está consciente dos riscos. Os mais jovens estão jogando bola na rua. Precisamos de mais informação, de órgãos oficiais. As pessoas ainda não entenderam que é um vírus muito contagioso. Não é preciso estocar comida nem água, pois ainda é possível ir ao supermercados. Temos que permanecer dentro de casa e sair só quando for extremamente necessário.
José Ventura — Líder comunitário na Restinga
— Sempre pude contar com vocês, meus amigos. Agora, peço que fiquem em casa e cuidem das nossas crianças e idosos. Eles são os nossos maiores bens. Vamos ficar dentro de casa, principalmente nestas semanas que vêm por aí, quando teremos aumento nos casos. Vamos fazer isso para podermos cuidar das pessoas que tanto amamos. Aqui na minha região, as pessoas já estão entendendo o problema e se mantendo em isolamento.
Losângela Ferreira Soares, a Tia Lolô — Líder comunitária em Viamão
— Nesta segunda-feira, já teremos uma base comunitária na Unidade de Saúde São Pedro, com apoio da Brigada Militar. A ideia é auxiliar os servidores da saúde e conscientizar as pessoas da importância de ficar em casa. Ontem, falamos muito com idosos que ainda estavam pela rua aqui na Lomba do Pinheiro. Estão começando a entender a gravidade da situação.
Vosmar Viana — Líder comunitário na Lomba do Pinheiro
— Eu peço que, por favor, fiquem em casa. O vírus é perigoso, contagioso e, sim, é mortal. O Conselho Municipal de Saúde (CMS) tem dicas disponíveis em seus canais na internet para que possamos buscar pessoas para conversar. Sei como é difícil ficar só em casa, mas precisamos disso. Vamos manter contato com as pessoas que amamos pelo celular, a internet está aí para isso. No meu bairro, ainda vi pessoas nas ruas, em bares e nas esquinas, ignorando os riscos. Não podemos ficar alheios ao resto do mundo, temos que nos isolar dentro de casa.
Rosa Helena, vice-presidente do CMS — Líder comunitária no Partenon
— O pessoal ainda está resistindo à conscientização. Temos divulgado nas redes sociais a importância de ficar em casa, mas os moradores não têm dado a real importância. Eu faço novamente um apelo, para que os idosos deixem de ir para as praças, tomar chimarrão. Os jovens que continuam frequentando os locais, praticando atividades esportivas com contato físico. Isso não é brincadeira, a Zona Norte precisa se conscientizar. Se todos fizermos nossa parte, essa pandemia vai passar rápido.
Márcio Reginatto — Conselheiro distrital de saúde no Rubem Berta
— Eu também estou em casa. Esse é o melhor remédio. Vamos evitar aglomerações, usar álcool em gel e lavar muito as mãos com água e sabão. Vovôs e vovós, vocês que me ouvem todo dia na Rádio Farroupilha, sei que é ruim ficar trancado dentro de casa, mas é importante. Só assim a gente poderá combater o coronavírus. Vamos evitar de sair para rua o máximo que for possível.
Gugu Streit — comunicador da Rádio Farroupilha e colunista do DG
— Nossos pais e avós fizeram de tudo para que pudéssemos estar aqui hoje. Agora, temos a oportunidade de retribuir o gesto deles, fazendo algo que vai garantir que não morram com essa tragédia. Basta ficar em casa. Quem não acredita que esse problema é tão grave, mesmo assim, fique em casa nos próximos 10 dias, pelo menos, pela sua mãe ou seu pai. Precisamos entender que as pessoas acima de 60 anos podem morrer por conta de nossa ignorância e teimosia.
Manoel Soares — repórter da TV Globo e colunista do DG
— Estou em casa também. E vamos seguir assim nos próximos dias, semanas, meses. A gente não sabe quanto tempo vai ser necessário. Não conhecemos esse vírus, como ele se comporta. O que sabemos é que precisamos ficar em casa para que ele não circule. Não saiam de casa, não é um alerta somente para quem tem o vírus, é para qualquer pessoa. Se precisar sair para ir ao mercado, mantenha o distanciamento e, ao chegar em casa, lave bem as mãos. Não é brincadeira.
Cris Silva — apresentadora da RBSTV e colunista do DG