Nesta semana, falando com um conhecido, perguntei por que ele não estava usando máscara. Ele disse que era porque não tinha dinheiro.  Mandei pra ele um vídeo, no qual se aprendia a fazer máscara de pano usando uma camiseta usada. Na hora ele me confessou que achava esse negócio todo uma frescura e que não era tudo isso. 

Ele mora com a dona Eva, sua mãe. Ela tem 68 anos e teve ele aos 40, batalhou como uma condenada para que ele terminasse o curso de Radiologia. Ela limpava escritórios à noite e, por conta dos horários noturnos, chegou a ser apontada por vizinhos e outros familiares como prostituta.  

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Dona Eva não deu bola, continuou. Por dois anos continuou sendo alvo das piadas, mas, na formatura do filho, o abraçou e disse que ela nunca precisou dormir com homem nenhum por dinheiro para que ele tivesse aquele canudo. Mas, se fosse preciso, o faria, porque por ele faria qualquer coisa. 

Ela está hoje em isolamento em casa, sem poder sair. Ele é quem cuida dela, mas, quando o assunto é máscara e higienização permanente, diz que não precisa tanto. Disse que entendo, mas, se tiver 1% de chance dele estar errado, mesmo assim colocaria a mãe em risco? Será que por vergonha ou por achar chato usar máscara ele deve continuar colocando a vida de quem fez tanto por ele em risco? 

Sei que nem todos concordamos com a máscara ou com os cuidados, mas será que realmente nossas opiniões devem nos guiar nesse momento? Por teimosia, vale a pena correr o risco de, em menos de 10 dias, enterrarmos a pessoa que mais amamos no mundo? Ela merece seu esforço nesse momento? Essas respostas são individuais, mas, se tem um membro da família que acha esse papo de coronavírus uma frescura, dê esse texto para ele ler e pensar.