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Alternativa na pandemia

Em um ano, bandejões da Capital serviram 187 mil marmitas

Restaurantes do Prato Alegre seguiram atendendo moradores de rua e famílias em vulnerabilidade social.

18/03/2021 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Jefferson Botega / Agencia RBS
Porção servida na marmita é balanceada

Há cerca de um ano, diversos setores da sociedade corriam para se adaptar ao “novo normal”. E não seria diferente para um importante serviço social de Porto Alegre, os bandejões do projeto Prato Alegre. Diariamente, em dois pontos da cidade, eram servidos almoços para moradores de rua e pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social, tudo de graça. Mas, com o coronavírus, servir os pratos em bufês e compartilhar espaço nas mesas tornou-se inviável. Só que a fome não para com a chegada da pandemia, muito menos a necessidade de atender quem precisa. Em poucos dias, os locais se adaptaram e passaram a entregar marmitas. 

E agora, perto de completar um ano funcionando com este sistema, a prefeitura contabiliza que já foram 187 mil refeições distribuídas entre março do ano passado e este mês. 

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Ao longo de 2020, outros dois restaurantes ainda foram inaugurados, nos bairros Restinga e Lomba do Pinheiro, funcionando diretamente na modalidade de entrega de marmitas. A Vila Cruzeiro também conta com um Prato Alegre, inaugurado ainda em 2019, junto com o ponto na Rua Garibaldi, nas proximidades da rodoviária da Capital. Por dia, são cerca de 760 almoços preparados e entregues na região central e nas zonas Sul e Leste. 

O ponto que mais atende é o do Centro, onde são distribuídas, em média, 450 refeições por dia.

Reestruturação 

Quando a prefeitura reestruturou o programa, fechando o antigo Restaurante Popular, que servia almoços por R$ 1, a ideia era mudar o atendimento. Além da comida, oferecer auxílio de assistentes sociais, oficinas e incentivos para melhorar a rotina de quem vive nas ruas ou depende daquela alimentação. Entretanto, a pandemia ceifou esse lado do trabalho, como lamenta Niles Kael Junior, presidente da Beith Shalom, organização da sociedade civil (Oscip) que administra três dos espaços que funcionam na Capital.

– O objetivo é ser bem mais que apenas um prato de comida. Mas, neste momento, entendemos que o mais importante é conseguir ao menos levar uma refeição digna para quem precisa. Quando as coisas normalizarem, queremos voltar esse trabalho completo – projeta ele.

Jefferson Botega / Agencia RBS
Na unidade do Centro, bastante movimento no horário do almoço

Niles conta que o perfil dos usuários não mudou muito durante a pandemia. Nos pontos mais centrais, o público atendido é formado, na maioria, por pessoas em situação de rua. Nos restaurantes que ficam nos bairros, famílias carentes são presença maior. 

Os usuários são cadastrados e encaminhados por meio de serviços de assistência social do município. Mesmo com o isolamento, quem não tem condições de se alimentar em um local adequado pode utilizar o espaço do restaurante, respeitando a distância segura entre cada pessoa, como explica a prefeitura. 

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Conforme a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS), o cardápio servido varia, tendo como base uma refeição com 1.200 calorias, baseada no PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador. A marmita costuma ser composta por arroz, feijão, guarnição (massa, batata, aipim, polenta ou legumes), uma fonte de proteína animal, como carne bovina ou de frango, e verduras (cruas e/ou cozidas). Coordenadora de segurança alimentar da SMDS, Carolina Breda Resende relata qual foi o maior desafio do novo modelo de funcionamento dos bandejões:

– Criar rotinas para manter os cuidados de higiene, limpeza e distanciamento para proteção da equipe e dos usuários diante da pandemia, para que o serviço nunca parasse, independentemente das bandeiras.

Edital para novo espaço na Zona Norte 

Uma das maiores dificuldades da prefeitura nesta remodelação do projeto de refeições populares é a Zona Norte. A ideia do município era descentralizar o atendimento e levar restaurantes menores para vários pontos da cidade. Isso foi possível com o Prato Alegre chegando em bairros como Restinga e Lomba do Pinheiro. 

Jefferson Botega / Agencia RBS
Para dar continuidade ao serviço, foram implantados cuidados extras com a higiene

Entretanto, a Zona Norte ainda é o ponto em que a prefeitura não conseguiu atrair nenhuma organização civil interessada em gerir o espaço. O Prato Alegre do chamado eixo Baltazar/Nordeste luta para sair do papel há mais de um ano. 

O último edital, lançado no segundo semestre do ano passado, ficou deserto. Ou seja, nenhuma proposta foi aprovada para concorrer. Porém, a administração pública ainda não desistiu da ideia de ter um quinto restaurante social na cidade. 

A coordenadora de segurança alimentar da SMDS garante que está em fase final de redação um novo edital de concorrência pública para tentar a abertura do espaço na Zona Norte.

– O edital deve ser publicado ainda em abril – projeta Carolina.


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