Papo Reto
Manoel Soares e a despedida emocionada a Tia Eloísa
Colunista escreve no Diário Gaúcho aos sábados
Amigos, por inúmeras razões, entre elas a covid-19, nós estamos nos despedindo de pessoas que amamos em um momento totalmente atípico. Perder alguém já é uma dor agonizante no peito, mas não poder prestar as últimas homenagens é pior ainda. Nesta semana, chegamos à triste marca de 300 mil vidas perdidas por conta da pandemia de coronavírus. Minha família amargou a dor de ver uma de nossas matriarcas nos deixar.
A Tia Eloísa era daquelas nega véia descolada que vivia na linha fina que divide a mente aberta e os velhos costumes. Tudo nela tinha uma contradição harmônica que dava a ela um charme único. Você que está lendo deve ter projetado alguma tia amada de sua família, todos temos uma dessas.
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Apesar de não ter partido por conta da covid, ela não pôde ter seus irmãos ao lado, aplaudindo sua vida feliz. Foi puxado convencer minha mãe e as demais irmãs a não se expor indo à cerimônia de enterro, mas elas entenderam. Peço que, por favor, não ceda às lágrimas dos mais velhos da família quando pedirem para furar o isolamento.
Por mais que seja legítimo o desejo deles, a vida é prioridade. A você que é mais velho e acatou as orientações, nosso eterno carinho e respeito. Para minha tia querida, fica no meu coração a imagem de mulher apaixonada pelo seu amado, que também já partiu.