Transformar a experiência do isolamento em arte e distração. Foi esse o objetivo que moveu o Projeto Integração Social a envolver 50 crianças do Morro da Cruz, bairro São José, na Capital, na produção de dois filmes inspirados em janelas.  

O projeto, que já existe há dois anos e faz parte da ONG Coletivo Autônomo do Morro da Cruz, foi criado com a proposta de, no contraturno escolar, oferecer oficinas para crianças e adolescentes da comunidade. Em março de 2020, no início da pandemia, a equipe do Integração formou um grupo no WhatsApp, por onde se comunicavam com as famílias atendidas. A ideia era, mesmo à distância, prosseguir com as oficinas que, diariamente, eram ofertadas aos alunos.  

Leias Mais
Grupos da Região Metropolitana promovem ações solidárias de Páscoa
Projeto do governo estadual vai dar suporte para mulheres empreendedoras
Vacinação de pessoas com 66 anos contra covid-19 começa nesta quinta em Porto Alegre; confira os locais

Continuidade

A pedagoga Themis Caneda, 44 anos, é uma das professoras que atuam no Coletivo. Ela explica que, para garantir o contato com os alunos, organizaram um calendário com as atividades semanais de capoeira, dança, ioga, música e contos. A proposta aos alunos era de que enviassem no grupo o registro dos trabalhos:

– Fizemos essas atividades por um ano, e percebemos que as crianças estavam ficando cansadas da rotina. 

Com a chegada das férias, Themis e a professora Paula Gus, que também atua na ONG, desenvolveram um novo projeto com as crianças: a produção de filmes. A inspiração veio do livro Da Minha Janela, do autor Otávio Júnior, sobre a vida que se vê através da janela. Os alunos atuaram desde a construção dos roteiros até a gravação das cenas, e de forma totalmente remota. 

A jornalista Virgínia Baumhardt, 37 anos, que trabalha na comunicação da ONG, ajudou na parte técnica. Ela conta que, além das atividades lúdicas que realiza, o Integração dá acompanhamento psicológico e nutricional às crianças, buscando ajudá-las para além das atividades educacionais. 

Participação  

Ela fala, ainda, da importância de terem dado continuidade às atividades do projeto: 

– Para muitas crianças, o Integração tem sido a única atividade educacional durante a pandemia. 

O primeiro filme foi lançado em 9 de março e fala sobre uma menina e um menino que cantam e dançam acompanhados do vento que entra em casa pelas janelas. Já o segundo curta, que será lançado neste sábado, 3 de abril, conta a história do alagamento de uma casa. 

Angel Motta, 12 anos, uma das alunas do projeto, tem fibromialgia, doença que causa dores por todo o corpo e fraqueza muscular generalizada. Parte do tratamento é a prática de atividades físicas, o que a levou ao grupo, onde pratica capoeira e dança.  

Ela conta que o segundo filme foi inspirado em uma história de sua família, de um dia em que a casa de seus avós foi alagada por uma forte chuva. Ela observou da janela a movimentação dos vizinhos que se mobilizaram para acudir os idosos.

Apoie

/// O lançamento do segundo filme (Dona Maria) será feito na página do grupo, dia 3 de abril, às 18h, no endereço fb.com/coletivomdc.

/// O projeto Integração Social é financiado pelo Ministério Público do Trabalho, através da Organização Internacional do Trabalho. O contrato com o órgão está para encerrar, por isso, eles criaram uma vaquinha online para arrecadar doações e continuar suas  atividades. Para apoiá-los, acesse coletivomdc.org/doar.

Produção: Émerson Santos

 Leia outras notícias da seção Seu Problema é Nosso.