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Seu Problema é Nosso

Postos de saúde de Porto Alegre estão há dois meses sem estoques de fraldas geriátricas

Na Capital, são 801 pessoas aptas a receberem o produto pelo município

12/08/2021 - 11h37min


Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Maria precisa de, em média, 150 fraldas por mês

Em 2017, a aposentada Maria Neusa Lopes, 79 anos, moradora do bairro Sarandi, em Porto Alegre, sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Devido a uma série de complicações, ficou acamada, e hoje necessita de cuidados. Desde o ocorrido, ela é uma das pessoas que utilizam as fraldas geriátricas que o município disponibiliza em alguns postos de saúde. Porém, há mais de dois meses, o produto está em falta. 

Quem cuida de Maria é sua filha de criação, a dona de casa Inês Ketzer, 63 anos. Inês explica que, após o AVC, a mãe perdeu parte da massa encefálica. Hoje ela não fala, não pode andar e depende de sonda para se alimentar. As fraldas geriátricas que recebem, tamanho XG, são essenciais para os cuidados da higiene diária da aposentada. 

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Improviso  

Assim que a mãe ficou incapacitada, Inês deixou sua casa para dedicar-se exclusivamente a ela. Morando de aluguel e sem emprego, a dona de casa conta que a residência é mantida com o salário da aposentadoria de Maria e de sua tia, que também divide a moradia com elas.  

– A gente liga para o posto, e só dizem que não tem a fralda. Outras vezes, o telefone toca e ninguém atende. Só que, no meu caso, eu não trabalho, não tenho renda, pago aluguel e estou tendo que comprar. Quando fico em aperto, preciso incomodar uma pessoa e outra (pedindo ajuda). É muito difícil – complementa Inês. 

São cinco fraldas que Maria necessita utilizar diariamente, mas, em alguns momentos, essa quantia aumenta. Como há algumas semanas, quando ela foi infectada por uma bactéria intestinal que, dentre as reações, a deixou com diarreia. Sem mais recursos, a filha precisou utilizar panos para suprir a falta das fraldas.

 Alto custo mensal

Um pacote com sete fraldas custa, em média, R$ 25. Para pacientes que necessita de cinco fraldas geriátricas por dia, que chega a um total de 150 ao mês, o gasto mensal seria em torno de R$ 550. É o caso, também, da moradora do bairro Cavalhada, em Porto Alegre, Sonia Margarida Sila, 66 anos, que há dois anos utiliza o material. 

Ela, que já convivia com problemas na bexiga que a impossibilitavam de segurar a urina, hoje está acamada devido a sequelas da covid-19. A filha Maria Fernanda da Silva, 39 anos, reclama da falta de respostas da prefeitura. Segundo informaram a ela, em uma das vezes que ligou para perguntar sobre as fraldas, já foi aberto o processo de licitação para a compra do produto, mas não há um prazo para a regularização do serviço. Sem emprego, enfrenta dificuldades para dar os cuidados que a mãe necessita. 

Nova licitação 

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre explica que, a empresa Mixdis, então fornecedora das fraldas geriátricas para o município, solicitou uma revisão de preços em março deste ano. O pedido foi atendido, porém, em junho, a empresa fez o cancelamento do seu contrato com a prefeitura. Isso ocasionou o desabastecimento. A cidade possui 801 pessoas aptas a solicitarem o produto à Secretaria Municipal de Saúde.

A pasta informa ter realizado uma nova licitação, e as empresas já foram selecionadas. O pedido de fraldas foi feito, e os novos fornecedores têm o prazo de 15 dias para entregar o material no depósito da SMS. Já o prazo para entrega dos produtos nos postos de saúde é de aproximadamente três dias. Assim, a Secretaria conclui afirmando que o abastecimento deve ser normalizado até o final deste mês.

Produção: Émerson Santos

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