Praça da Família Imigrante
Moradores criam "oásis de natureza" em meio a prédios do Centro Histórico
No espaço, é possível ver tipos de chás e temperos, como cânfora, arruda e manjericão, além das chamadas plantas alimentícias não-convencionais (PANCs)
Tida por moradores como um "oásis de natureza" em meio aos prédios do Centro Histórico de Porto Alegre, a Praça da Família Imigrante, localizada na Rua Riachuelo, reúne diversos tipos de vegetais e serve de refúgio para quem precisa desacelerar da correria do cotidiano.
No espaço, é possível ver diferentes tipos de chás e temperos, como cânfora, arruda e manjericão. Além disso, há alguns anos, moradores também cultivam as chamadas plantas alimentícias não-convencionais (PANCs). Entre elas, a erva baleeira (também conhecida como caldo de galinha, por servir muito bem como tempero), o tamarillo (ou tomate de árvore) e a ora-pro-nóbis (rica em proteína). Um conjunto de cactos e um pé de pitaia também foram plantados.
O local foi adotado em 1996 pelo morador João Guilherme Burnett, hoje com 79 anos. Naquele ano, o agrônomo decidiu transformar o que mais parecia um terreno abandonado em um recanto verde no Centro. Passou a cultivar plantas e fazer melhorias. Um tempo depois, os moradores conseguiram autorização para colocar uma grade na entrada para evitar vandalismo durante as noites.
— Acho que, dentre os espaços que foram pensados respeitando a questão ecológica, fomos um dos primeiros na cidade. A nossa ideia é manter essa selva verde resistindo na selva de pedra. É o nosso oásis de natureza — resume o agrônomo.
Junto da esposa, Sonia Burnett, 77, ele cuida do espaço até hoje. Nos últimos meses, vem recebendo ajuda da bióloga Márcia Peripolli. Entusiasta das PANCs e do cuidado com a praça, ela abriu um café perto do espaço e tem ampliado os tipos de plantas alimentícias no local. No estabelecimento, chamado Café com Pancs, ela serve inclusive uma empada de ora-pro-nóbis com alho poró, que já ganhou alguns fãs, afirma.
— PANC é um termo relativamente novo. Essas plantas são um resgate do consumo alimentar dos nossos ancestrais, muitas são mato que servia de alimento naquela época. Com o avanço da agricultura, elas ficaram de lado. Mas são muito interessantes, podem trazer muito sabor e servir de alternativa para variar a comida. Elas também são nutritivas, como a ora-pro-nóbis, que é rica em proteína — explica.
A bióloga não recomenda, no entanto, que as pessoas consumam as plantas do espaço: como estão plantadas no chão, os vegetais ficam em contato com cachorros que passeiam na praça e podem acabar se contaminando.
Agora, os moradores planejam mais melhorias no espaço. Na parte mais ao fundo da praça, a ideia é construir um cachorródromo e instalar escorregadores para pets e crianças. Eles também pretendem construir uma estrutura melhor, uma espécie de laboratório de PANCs, que permitiria ampliar a diversidade das plantas ali.
Por meio da Secretaria de Meio Ambiente da Capital, a prefeitura informou que, para solicitar autorização para realizar melhorias em espaços públicos, é preciso enviar e-mail para cav@portoalegre.rs.gov.br.