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À espera de cirurgia ocular, morador de Porto Alegre tem piora em sua visão

Francisco aguarda procedimento há mais de um ano

14/01/2022 - 15h04min


Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Trabalho de Francisco tem sido prejudicado pelo problema de visão

Desde a sua juventude, Francisco Hoffmann dos Santos, 60 anos, trabalha como vendedor de jogos de loteria da Caixa Econômica Federal. Morador de Porto Alegre, costuma ficar na região central da cidade oferecendo os jogos. Porém, desde 2020, o trabalho e seu cotidiano têm sido prejudicados pela aparição de um quadro grave de catarata. 

Naquele ano, percebeu que sua visão começava a apresentar problemas, o que o levou a procurar atendimento na unidade de saúde de seu bairro, Passo das Pedras, na Zona Norte. Mas, passado mais de um ano da sua primeira busca por ajuda médica, segue aguardando o início do tratamento, e a doença se agravou.

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Em alguns períodos do ano, Francisco costuma ir para Capão da Canoa, no Litoral Norte, para trabalhar. Foi lá que percebeu pela primeira vez a dificuldade para enxergar. Ele conta que, de imediato, voltou para a Capital para fazer exames e, no dia 7 de janeiro do ano passado, foi incluído na fila para consulta com um especialista, com tempo médio de espera de 563 dias. Na época, ele ainda enxergava com os dois olhos. 

Em novembro, foi chamado para sua primeira consulta com o oftalmologista do Hospital Santa Casa, quando foi diagnosticada a catarata. Porém, seu quadro de saúde já estava mais grave. 

– O médico viu que eu havia perdido a visão do lado direito e que tinha só 25% do lado esquerdo. Disseram que iriam me chamar com urgência, mas não me procuraram mais – conta. 

Dificuldades 

Francisco explica que, com as limitações que a doença provocou, sente seu cotidiano sendo afetado. Para trabalhar, é comum precisar de ajuda para se locomover. Em uma de suas idas para o local onde vende as loterias, tropeçou e caiu na rua, machucando os joelhos e um de seus braços.  

O aposentado José Carlos Silva da Silva, 61 anos, conhece Francisco desde a infância, e há 20 anos eles moram juntos, dividindo o aluguel. Ele fala que percebe o quanto a autonomia do vendedor está prejudicada por sua atual condição. 

– Faz um ano e pouco que ele começou a perder a visão, e agora não enxerga quase nada. Não consegue botar um açúcar no copo. Acabo ajudando nisso. Também não consegue enxergar pessoas que estão a dois metros dele. Só vê vultos – fala José, comentando, ainda, que há algumas semanas o amigo quase foi atropelado por um carro enquanto atravessava a rua.

Santa Casa prevê novo procedimento

A Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre explica, em nota, que houve um tempo de espera maior para a consulta de Francisco com um especialista porque o médico solicitante do exame adicionou o vendedor na “especialidade de oftalmo geral adulto”, que tem espera média de mais de 500 dias. 

Já o Hospital Santa Casa explica que, antes da cirurgia para a catarata, Francisco terá que passar por procedimento para tratar de um pterígio (lesão ocular que cresce em direção à pupila e, em casos mais graves, passa a interferir na visão), que está prevista para a última semana do mês, entre os dias 24 e 28 de janeiro. Após este procedimento, ele será reavaliado e encaminhado para a cirurgia de catarata, “que conta, em média, com dois meses de espera”, diz o hospital por meio de sua assessoria. Casos graves, com o de Francisco, podem ser atendidos antes.

Visão embaçada? Fique atento

A catarata é uma doença caracterizada pela perda de transparência do cristalino, lente natural dos olhos que tem a função de permitir o foco de nossa visão. Conforme ela avança, o cristalino vai se tornando mais opaco. Em seu grau mais avançado, a lente ocular fica esbranquiçada, como no caso de Francisco. 

Apesar de a catarata ser uma doença mais comum em idosos, outros fatores podem influenciar para que surja em pessoas de qualquer idade. Sergio Kwitko, médico do Serviço de Oftalmologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, cita que pacientes diabéticos podem ter catarata antes da velhice. Outro grupo propenso à doença é o das pessoas com grau alto de miopia. Além disso, lesões na região dos olhos e o consumo prologado de remédios com corticoides também podem provocar o problema. 

Sergio faz um alerta: se você perceber a visão embaçada ou com dificuldade de foco, busque apoio médico.

Produção: Émerson Santos



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