Avanço da Ômicron
Com mais de 21 mil infecções em 24 horas, RS bate recorde de novos casos de covid; veja gráfico
Atualização estabelece novo patamar na média móvel diária de casos no Estado e inclina ainda mais a curva íngreme de contágio
O Rio Grande do Sul contabilizou, nesta quarta-feira (19), mais 21.122 casos confirmados de covid-19 nas últimas 24 horas - um recorde de novas infecções em 24 horas. A atualização estabelece um novo recorde também na média móvel diária de casos no Estado e inclina ainda mais a curva íngreme de contágio.
Com os dados desta quarta (19), sobe para 11.166 a média diária de casos no Rio Grande do Sul – maior patamar desde o início da pandemia. Desde sexta-feira (14), o Estado supera o pico que havia sido atingido em março do ano passado, até então o pior momento da crise sanitária no Rio Grande do Sul.
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Em julho de 2021, conforme mostra o gráfico abaixo, a curva de novos casos chegou a dar um salto pontual, mas o movimento foi antecipado pelas autoridades de saúde e se tratava da inclusão retroativa de dados antigos.
Ainda que siga em melhor situação do que nas ondas anteriores, o indicador de pacientes com covid-19 internados em leitos clínicos no Estado mais do que triplicou nas últimas duas semanas. Dados informados pelos hospitais mostram que o Estado passou de 189 para 701 pacientes com covid-19 internados nesses leitos, nos últimos 14 dias.
O indicador de pacientes com covid-19 internados em UTIs também tem subido, ainda que esteja em melhor situação do que em todos os outros momentos da pandemia. O Estado passou de 158 para 311 pessoas com a doença, em leitos de UTI, nas últimas duas semanas. O valor quase dobrou, registrando alta de 96,8%.
— Mesmo que a ocupação de leitos não acompanhe, na mesma velocidade, em relação aos casos, é um momento delicado que merece toda a nossa atenção — afirmou o governador Eduardo Leite, em pronunciamento nesta quarta-feira.
Bruno Paim, Chefe da Divisão de Dados e Indicadores do Departamento de Economia e Estatística (DEE) do governo do Estado, também demonstrou preocupação com o aumento na ocupação de leitos dos últimos dias:
— Os patamares ainda são baixos quando comparados a esses picos, mas há uma elevação abrupta nas internações com covid em leitos clínicos.
A preocupação do governo em relação ao aumento de internações já vinha sendo destacada por especialistas nos últimos dias, e pode ser resumida por uma fala da epidemiologista e reitora da UFCSPA Lucia Pellanda. A estudiosa lembra que, mesmo que a ômicron seja dez vezes mais fraca em uma população majoritariamente vacinada, se ela contaminar dez vezes mais pessoas isso pode gerar grande impacto nos hospitais:
— A minha preocupação é se vamos conseguir dar conta. Em uma conta simples, digamos que a Ômicron fosse dez vezes menos grave, mas dez vezes mais gente pegasse essa variante: vai dar na mesma em termos de sobrecarga nos hospitais. Em resumo, é um cenário em que temos que ficar atentos — disse Lucia, na última sexta-feira (14).
Alertas
Com a disparada nos novos casos de covid-19, o governo do Estado decidiu em reunião do Gabinete de Crise enviar Alertas para 12 regiões. Conforme o governador Eduardo Leite, em pronunciamento, nesta quarta-feira, as regiões são:
- Santa Maria
- Uruguaiana
- Capão da Canoa
- Novo Hamburgo
- Canoas
- Porto Alegre
- Santa Rosa
- Erechim
- Passo Fundo
- Pelotas
- Caxias do Sul
- Lajeado
– São regiões que não apresentam somente aumento de casos de forma muito intensa, mas também apresentam grande aumento de ocupação dos leitos clínicos e de UTI, o que prenuncia poder vir pela frente algum tipo de dificuldade no atendimento à população – acrescentou Leite.
O governador também explicou quais devem ser os próximos passos para as regiões em Alerta:
– Essas 12 regiões vão precisar fazer reunião dos seus gabinetes de crise para apresentarem ao Estado um plano de ação em (melhoria de) comunicação, em restrição de algum tipo de atividade ou ao menos redução de possibilidades de aglomeração como forma de reduzir a disseminação do vírus.
O governo do Estado adota, desde 2021, o modelo 3As de gestão da pandemia. Por esse sistema, há dois níveis de risco: o aviso (primeiro estágio de risco) e o alerta (nível mais alto de risco). Quando uma região recebe o alerta, precisa adotar uma “ação” (terceiro A do sistema) para frear a contaminação.