Enchente
Rio Taquari ultrapassa nível de inundação, e famílias começam a deixar suas casas em Lajeado
Moradores estão buscando abrigo em um dos pavilhões do Parque do Imigrante e na casa de amigos e parentes
O alto volume de chuva e a cheia dos rios nas regiões Norte e da Serra já estão afetando os moradores do Vale do Taquari. Em Lajeado, pelo menos 26 famílias já buscaram abrigo no pavilhão três do Parque do Imigrante e, segundo a Defesa Civil municipal, esse número deve aumentar durante a noite desta terça-feira (3).
Até o momento, a Defesa Civil do município não tem um balanço atualizado do número de pessoas que deixaram suas casas para ir para casas de parentes e amigos, mas já recebeu mais de 40 pedidos de ajuda para o transporte de móveis. No entanto, a Defesa Civil Estadual tem como última atualização 138 pessoas fora das residências.
Os bairros mais afetados são Conservas, Hidráulica e Centro - que ficam próximos ao leito do rio e do Arroio Saraquá, que recebe água do Taquari.
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As famílias começaram a deixar suas residências a partir do momento que o Rio Taquari ultrapassou a cota de inundação, de 19 metros. Na tarde desta terça-feira, o nível do rio era de 19m64cm.
Conforme o coordenador da Defesa Civil de Lajeado, Gilmar Queiroz, a tendência é que este número siga em elevação.
— Pelo que estamos observando, o rio vai seguir subindo, em função da chuva que ainda é esperada. Estamos projetando que possa alcançar a cota de 25 metros — avalia.
O medo de perder tudo é o que tem motivado as famílias a saírem de casa antes da invasão da água.
— Já estamos calejados, todo ano é assim. Decidimos sair antes, trazer nossas coisas para cá, do que perder tudo quando a água chega — afirmou a auxiliar de serviços gerais, Roseni Linhares da Silva, 50 anos, que veio com os filhos para o pavilhão.
No mesmo local está a família de Adriana Pires, 47 anos. Moradora do Centro, ela observou a chegada da água e decidiu sair de casa.
— Quando eu vi que estava perto, não ficamos esperando. Temos que agradecer que temos como nos abrigar e ainda ter auxílio para trazer nossas coisas. Todo ano passamos por algo assim — afirmou.
Movimento intenso dos caminhões
Nas ruas dos bairros Centro e Conservas, caminhões de mudanças circulavam em grande quantidade. Muitos moradores organizavam a saída das residências para a casa de amigos e parentes. É o caso da operadora de telemarketing, Débora Silveira Rodrigues, 32 anos.
Morando na região há cerca de dois meses, ela e o marido decidiram sair do local com os filhos após o alerta dos vizinhos.
— Vivíamos em uma parte mais alta do bairro, onde não tinha alagamento, mas aqui acontece. O pessoal me disse que se chegar em 23 metros, vai chegar na minha casa. Então, estou saindo antes — revelou.
A família conseguiu uma casa para ficar, em outra região de Lajeado, até o período da cheia do Rio Taquari acabar.