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Abandonada, obra de escola preocupa moradores da Capital
Prédio, no bairro Hípica, é alvo de invasões e motivo de insegurança entre a comunidade
A educadora social Ariete de Godoy Gass, 50 anos, reside há mais de duas décadas no bairro Hípica, na zona sul de Porto Alegre. Nos últimos meses, ela iniciou um movimento junto à vizinhança para cobrar a retomada das obras da Instituição de Educação Infantil Moradas da Hípica, que fica na Rua Elvira Dendena, a aproximadamente três quadras da casa dela.
Essa é uma das sete escolas da Capital cujos projetos estão parados e os espaços de construção abandonados, conforme mostrou o Grupo de Investigação da RBS (GDI) em reportagens ao longo deste ano. Embora uma placa fixada nas grades do terreno da escola diga que a obra teve início em 2015, Ariete afirma que a construção se arrasta há mais 15 anos. Neste tempo, conta, foi paralisada e retomada diversas vezes ao longo dos governos que ocuparam a prefeitura. Sem uma resolução, o local deixou de ser alvo de expectativas para tornar-se um ponto de preocupação.
– Acumulou muita coisa ali. Tem muito lixo, muito mato. As pessoas entram para usar drogas e praticamente moram ali – aponta.
A educadora relata que a própria comunidade realizou a limpeza do local há alguns meses para tentar amenizar a situação. Porém, apesar disso e de haver cercamento, as invasões prosseguiram.
– Fiquei sabendo que já houve até crimes ali dentro porque não tem segurança nenhuma. É muito perigoso.
Sonho
Ao buscar uma posição da prefeitura sobre o local, Ariete aproveitou para fazer outra reivindicação: a de que o lugar abrigue também um espaço de fortalecimento de vínculos.
– Muitas mães precisam e seria ótimo para todos se esse lugar se tornasse um espaço de assistência para crianças e jovens no turno inverso ao das aulas.
Ela diz que resolveu fazer o pedido porque notou que, com o abandono da obra, a comunidade parecia ter desistido de ver ali algo positivo para o bairro.
Ariete, então, buscou vizinhos, foi até o Centro de Referência da Assistência Social (Cras) para tentar alguma informação e procurou pela Secretaria Municipal de Educação (Smed). Até mesmo um abaixo-assinado a moradora fez.
– Muita gente me diz que aquilo não tem mais jeito, mas sou educadora e mudar aquele espaço virou um sonho – explica.
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O abaixo-assinado preparado por Ariete foi encaminhado ao município através da Central de Atendimento ao Cidadão (156) sob o protocolo 1516142276. De acordo com ela, o retorno que recebeu da prefeitura é de que as obras seriam retomadas e, provavelmente, finalizadas em 2023. No entanto, nenhuma previsão para que essa retomada se concretize foi informada.
O que diz a Smed
A pasta afirma que contratou uma empresa especializada para o fornecimento de laudos e orçamentos a fim de retomar as obras de escolas inacabadas, dentre elas, a Moradas da Hípica. Diz ainda que a construção está prevista para o próximo ano, com conclusão estimada até o final de 2023. Só depois disso “será definida a forma de gestão do espaço, que deverá atender a Educação Infantil de forma integral”.
Por fim, explica que a vigilância no local é feita pela Guarda Municipal, com rondas periódicas e apoio do setor de Segurança nas Escolas.
Produção: Guilherme Jacques