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Clínicas odontológicas de cursos de graduação pelo RS oferecem atendimento gratuito ou de baixo custo; veja onde buscar

Boa parte das instituições de Ensino Superior que oferecem o bacharelado tem serviços voltados para a comunidade

08/06/2022 - 10h18min

Atualizada em: 08/06/2022 - 10h20min


Isabella Sander
Isabella Sander
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Nem todos os planos de saúde incluem atendimento odontológico e muita gente tem dificuldade para pagar o serviço em clínicas particulares. Para facilitar o acesso da população, muitas instituições de Ensino Superior unem o útil ao agradável e oferecem tratamentos dentários gratuitos — em alguns casos, inclusive, pelo Sistema Único de Saúde (SUS) — ou de baixo custo para as comunidades, realizados por estudantes, supervisionados por professores (confira abaixo a lista de locais que têm esse serviço).

Em Passo Fundo, por exemplo, a faculdade Imed conta com uma clínica odontológica que tem capacidade para fazer mais de 50 procedimentos simultaneamente, por 186 estudantes, supervisionados por mais de 30 docentes e com o apoio de nove auxiliares. O atendimento corre de manhã, à tarde e à noite. Os tratamentos são gratuitos, com exceção das próteses dentárias, que têm um custo laboratorial, e dos procedimentos realizados por alunos de pós-graduação, cuja complexidade é mais alta. Ainda assim, como o objetivo não é lucrar com as consultas, o valor é mais baixo do que seria em clínicas privadas.

— A ideia é ter um preço muito mais acessível, porque o nosso business é a educação, a formação de profissionais, tanto cirurgiões dentistas quanto especialistas em uma determinada área odontológica — explica Bernardo Agostini, coordenador da Clínica de Odontologia da Imed.

Além da demanda espontânea da comunidade de Passo Fundo, o serviço tem parceria com prefeituras de municípios da região que encaminham pacientes que precisam de procedimentos que a rede local não consegue atender.

Os atendimentos são nas áreas de triagem (avaliação inicial), periodontia (tratamentos de gengiva), dentística restauradora (restaurações em geral e estética dental), endodontia (tratamento de canal), prótese dentária, cirurgia (extrações), odontopediatria e para pacientes com necessidades específicas. O serviço pode ser acessado por qualquer pessoa a partir dos cinco anos.

Para além da formação técnica, a experiência clínica permite que o estudante desenvolva a questão humana em seu trabalho.

— É essencial ensinar não só na parte técnica, mas a tratar as pessoas como seres humanos, e isso a gente não consegue fazer com bonecos e modelos simulados. É preciso atender as demandas e as dores das pessoas — observa o coordenador.

Além do atendimento emergencial, a busca é por oferecer um tratamento mais longo para os pacientes que tiverem interesse.

— É um ganho para os dois lados — resume Lisandra Zinm coordenadora do curso de Odontologia da Imed — O paciente ganha em saúde, em qualidade de vida, e o nosso aluno também ganha muito em conhecimento. É muito importante a inserção da Imed dentro da cidade e da região.

O que é jornalismo de soluções?

É uma prática jornalística que abre espaço para o debate de saídas para problemas relevantes, com diferentes visões e aprofundamento dos temas. A ideia é, mais do que apresentar o assunto, focar na resolução das questões, visando ao desenvolvimento da sociedade.

A estudante de Odontologia Katryne Carniel, 22 anos, está no sétimo semestre da graduação e assim que foi possível, começou a frequentar a clínica. Atualmente, atende no local todos os dias.

— Já aprendi de tudo, restauração, tratamento de canal, prótese, cirurgias. Você começa a ver o paciente não como uma boca, e sim como uma pessoa, que é o amor da vida de alguém, é mãe, é pai. A gente aprende que não pode avaliar o paciente só pela boca, mas tudo nele, desde a saúde física até a mental — destaca Katryne.

A jovem, que deve se formar no final de 2023, considera fascinante o papel social da Odontologia.

— Um paciente que tem um sorriso que não lhe agrada tem sua autoestima muito diminuída. Quando você devolve isso pro paciente, ele fica muito feliz, volta a sorrir, a falar, a se alimentar da maneira correta. É incrível — se emociona a estudante.

Professor de endodontia – área que realiza tratamentos de canal –, Caroline Solda recebe os encaminhamentos de pacientes vindos do Sistema Único de Saúde (SUS) da região e define para qual aluno cada caso irá, conforme a evolução do estudante. A docente relata que a receptividade dos usuários é grande.

— A gente é bastante grato em receber as pessoas na nossa clínica, porque elas confiam em nosso trabalho. A gente procura prestar um atendimento bastante humanizado e atencioso, dando o exemplo para os nossos alunos quanto à empatia e o bom atendimento — resume Caroline.

Roney Ferreira Peixoto, 26 anos, estava fazendo limpeza nos dentes quando a reportagem de GZH esteve no local. O jovem, que trabalha em uma empresa terceirizada dentro da Imed recebe atendimento na clínica desde o ano passado. Descobriu que tem gengivite e, nos últimos meses, tem ido lá regularmente.

— Eu gosto bastante do atendimento. O que eu fiz no ano passado, o aluno parecia mais inseguro. As gurias que estão me atendendo agora são superseguras e parecem saber o que estão fazendo — analisa Peixoto.

Antes de conhecer o serviço oferecido pela Imed, o jovem já era atendido em uma clínica de outra instituição de ensino. Ele considera esta uma alternativa interessante, porque gera economia e permite um atendimento semelhante ao de consultórios particulares.

— Claro que tem profissionais renomados, mas aqui a gente também está sendo bem atendido e bem tratado, então tem que buscar, porque o custo-benefício também é muito bom. Eu acho uma iniciativa bacana e que deveria ter mais incentivo, porque tipo a população agradece — avalia.



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