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Outubro Rosa

Estética da Capital oferece perucas personalizadas e gratuitas para mulheres em tratamento contra o câncer

Os cabelos utilizados são todos oriundos de doações

28/10/2022 - 06h00min

Atualizada em: 28/10/2022 - 06h00min


Giordana Cunha
Giordana Cunha
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Rosane conta que após o diagnóstico teve muito mais vontade de viver

Outubro é o mês em que o foco está na saúde da mulher, em razão das campanhas desenvolvidas sobre o câncer de mama. Mas foi meses antes desta tão importante data que Rosane Catarina Vasconcellos Nardi, 51 anos, moradora da Ilha da Pintada, na Capital, recebeu o diagnóstico da doença.

No final de junho de 2019, ela foi à ginecologista para solicitar os exames de rotina. Retornou para mostrar os resultados sozinha, como de costume. Foi quando recebeu a notícia de que um nódulo havia aparecido em seu seio. 

 — Estava em um ônibus lotado, voltando para casa, quando a ficha caiu. Comecei a chorar olhando os exames — relata Silvana, recordando que, neste momento, parou de sentir as pernas, em uma sensação de que o mundo havia desabado.

Depois disso, foram feitas biópsias e todos os procedimentos para dar início ao tratamento. No dia 1º de agosto daquele mesmo ano, ela realizou a mastectomia (cirurgia em que a mama é totalmente retirada) e a reconstrução de seu seio. Porém, a batalha não parou por aí. Havia mais 20 sessões de quimioterapia e outras 30 de radioterapia a serem feitas. E assim ela encarou. Hoje, curada, o único pedido que faz às mulheres que estão em tratamento é de que elas possam acreditar em uma melhora.

Um choque

O cabelo de Rosane, que era uma peça importante para sua autoestima, começou a cair em tufos já na segunda sessão de quimioterapia. Foi um choque para ela, que tinha um cabelo até os ombros e frequentava salões para cuidar das madeixas. 

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— Depois que fiquei careca, demorei um mês para conseguir me olhar no espelho novamente — conta.

Além da batalha de estar em tratamento, de não ter seu cabelo e estar debilitada por conta das quimioterapias, Rosane teve de lidar com os olhares das pessoas na rua, o que, para ela, também foi bem difícil. 

— As pessoas me olhavam com pena por estar sem cabelo, me viam como um ser estranho. Todos ligam o câncer à morte e, na verdade, eu nunca vi desta forma — relata.

Com o câncer de mama superado, ela conta, hoje, entre risadas fartas, que a doença foi um divisor de águas em sua vida: 

— Depois do diagnóstico eu tive muito mais vontade de viver.

Companheira que eleva a autoestima

As perucas são feitas com cabelos doados

Há 11 anos a Estética Raquel Nacad, localizada no bairro Santana, em Porto Alegre, desenvolve o Projeto Cabelos Para Todos. A ação consiste em produzir perucas personalizadas para mulheres que estão em tratamento contra qualquer tipo de câncer.

Rosane, que foi ao salão após indicação de uma amiga, utilizou uma das perucas que o projeto oferece. No fim deste mês, ela foi entregar a companheira que, por muitos dias, auxiliou na sua autoestima. Na ocasião, ao conversar com a reportagem, ela acariciava o cabelo que estava sobre seu colo, como sinal de agradecimento e carinho.

A dona do salão, Raquel Nacad, conta que estas perucas que voltam para o salão são chamadas de "cabelos do poder", uma vez que, se retornam, é porque a mulher conseguiu concluir a batalha contra o câncer com êxito.

Os cabelos utilizados nestas perucas são todos oriundos de doações. Se uma peruca destas, as quais necessitam de, em média, três ou quatro mechas, fosse comercializada, custaria em torno de R$ 2 mil.

Hoje, cerca de 30 mulheres estão na fila para receber uma peruca personalizada feita pela equipe do salão. Por isso, Raquel salienta a importância da doação. O salão oferece para aqueles que desejam doar a mecha, a qual deve ter no mínimo 15 centímetros, um corte de cabelo gratuito. Os contatos podem ser feitos pelo telefone (51) 3391-1800, pelo WhatsApp (51) 98517-8806 ou pelo Instagram @raquelnacad. 

Números

Segundo o relatório anual sobre o câncer de mama do Instituto Nacional do Câncer (Inca), excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres brasileiras. Para 2022 foram estimados mais de 66 mil novos casos de câncer de mama no país, o que representa 43,74 casos a cada 100 mil mulheres. Para o Rio Grande do Sul, a estimativa é de mais de 4 mil novos casos.


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