Cidade menos cinza
Conheça o artista responsável pela mais recente pintura nos pilares do trensurb em Novo Hamburgo
Prefeitura disponibilizou colunas para intervenções financiadas por empresas, a fim de embelezar espaço; das 228 disponíveis, 200 foram adotadas até agora
Passageiros que chegam ou deixam Novo Hamburgo de trem ganharam mais uma obra de arte a ser apreciada próximo ao ponto de embarque e desembarque. Dois pilares de sustentação dos trilhos da estação Fenac da Trensurb foram pintados entre quarta-feira (7) e esta segunda-feira (12).
A pintura é de Mai Bavoso, 59 anos. Nascido em Jundiaí, São Paulo, o artista tem atelier em Santa Catarina e também no Vale do Sinos. A rotina de trabalho se divide entre Balneário Camboriú e uma casa “no meio do mato”, como define a residência do bairro Lomba Grande, área com amplos espaços rurais em Novo Hamburgo.
— Eu que fui adotado pelo Vale do Sinos — define o paulista, que garante ter o coração gaúcho há 40 anos.
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O par de colunas teve o cinza coberto de azul. Em uma delas, foi traçado um desenho que, segundo o autor, lembra um pé-de-moleque, inspirado no antigo logotipo da Fenac — a empresa é a responsável pela adoção e revitalização do espaço. No interior do contorno, uma paisagem urbana multicolorida, que simboliza a expansão da cidade a partir da produção e exportação de calçados.
A outra base de concreto está na fase final, e tem em evidência dois sapatos scarpin.
— Minha mãe tinha quase 300 pares de sapatos, tudo comprado por carnê. Era enlouquecida, me mostrava, pegava como se fosse uma escultura — relembra o artista.
Pincel e efeitos de spray foram usados para espalhar tinta acrílica e corantes. O total de cores aplicadas, responde Bavoso sorrindo, é quase impossível de contabilizar:
— Tem todas as cores que consigo encontrar.
Novo Hamburgo tem ainda cerca de 30 pilares para adoção
Fã do “paulista-hamburguense”, o empresário do ramo de comércio exterior Miron Korenowski Júnior, 58, observava com admiração a mais recente exposição do amigo. O efeito tem o que foi imaginado pelo criador: melhorar o dia de quem começa ou termina a jornada diária de trabalho.
— A arte é transformação no humor, principalmente. Vivemos um tempo inflamado, todo mundo correndo em que pouco se observa o entorno. Em uma paisagem urbana, os pilares trazem conforto — comenta Bavoso.
A intervenção faz parte do projeto de adoção dos espaços por empresas privadas, como mostrou a colunista Juliana Bublitz, no mês de setembro. A Prefeifura de Novo Hamburgo colocou os pilares à disposição, com a ideia de revitalizar a área.
Dos 228 pilares sob os trilhos, cerca de 200 já foram adotados. Os locais à disposição podem ser consultados a partir de contato com o a prefeitura de Novo Hamburgo, no e-mail nelisantos@novohamburgo.rs.gov.br
Ouça a entrevista com o artista Mai Bavoso: