Torcida reforçada
Peruca, saia azul e camisa da Seleção: “Vovó da Copa” veste cores do Brasil e enfeita casa com 2 mil bandeirolas
Aos 75 anos, Santa Eva Brasil de Assis ganhou o apelido dos vizinhos, em Sapucaia do Sul, porque, há mais de uma década, decora sua residência durante o Mundial
Quanta gente já acendeu uma vela, suplicando ajuda divina para a vitória do seu time? Em uma casa da Rua Portão, no bairro Vargas, em Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, pouco importa tal mandinga: a torcedora é Santa. E ela é Brasil.
— Tenho o Brasil no meu sobrenome e no meu coração — conta, com orgulho, Santa Eva Brasil de Assis, 75 anos.
Torcedora apaixonada pela Seleção, a secretária aposentada passa os dias de jogos com peruca colorida, com destaque ao amarelo. Usa camisa do Brasil e saia azul. Até o tênis foi estilizado: sem dinheiro para um sapato novo, comprou tinta para tingir o par de verde, cobrindo dos pés à cabeça seu 1,5 metro de altura.
— Eu tinha 1,58 (metro), mas sabe que a gente encolhe né? — brinca, com simpatia.
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Santa Eva garante que não se envolve em política, e que a manifestação é exclusivamente em razão da Copa do Mundo. Tanto que o ritual de decorar a casa existe há mais de uma década, quando decidiu que mudaria o cenário do imóvel a cada dois anos, nas Olimpíadas e nos Mundiais. É no torneio de futebol, no entanto, que a vizinhança a identifica: a idosa se tornou a Vovó da Copa.
— O pessoal diz: “A Eva é muito louca". Mas garanto que vão sentir falta quando eu não estiver mais aqui. Daqui há quatro anos vou ter 79, quero fazer tudo de novo — deseja.
Da rua, se veem tremulando sobre o muro as bandeiras do Rio Grande do Sul, Brasil, Catar e de Sapucaia do Sul, enfileiradas nesta ordem.
O pátio tem duas 2 mil bandeirolas, recortadas e penduradas em varais cruzados sobre o gramado. A residência de construção mista ganhou lençóis brancos ao lado de panos verde e amarelos. Até uma espécie de pódio foi montado, com taças e bonecos que representam o esquadrão do técnico Tite.
O clima empolga o pequeno Eduã Campana da Silva, seis anos.
— Ela é minha amiga — responde, de pronto, ao avistar a reportagem de GZH.
O garoto vive na casa ao lado. Quando soube que a Vovó da Copa falaria ao vivo na Rádio Gaúcha, na manhã desta sexta-feira (2), primeiro reclamou do horário: muito cedo levantar antes das 7h. Mas, segundo a mãe, Cisieli Campana, 34 anos, logo depois das 6h ele já estava com a camisa 10, de Neymar.
— Eles são muito parceiros. Tudo que ela faz, ele tá na volta. Com as bandeirolas então, se empolgou para a Copa — diz a mãe.
Questionado sobre quem seria seu ídolo, deixou a sinceridade infantil falar mais alto ao microfone.
— Gosto do Cristiano Ronaldo — admitiu, revelando a preferência pelo português e arrancando gargalhadas.