Atrás do ouro
Aluno de escola pública de Canoas busca medalha dourada após conquistar a prata e o bronze na Olimpíada Brasileira de Matemática
Adolescente de 13 anos está estudando para ganhar a premiação pelo terceiro ano seguido
Um adolescente tímido, com um sorriso simpático escondido no canto da boca. O Léo - Leonardo Baron Ziembowicz Alegransi - tem 13 anos e estuda na Escola Municipal de Ensino Fundamental Governador Leonel de Moura Brizola, em Canoas. Poucos minutos de entrevista são suficientes para perceber que é inteligente. Não à toa, já ganhou duas medalhas na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP): bronze em 2021 e prata em 2022. Na edição deste ano, ele quer o ouro.
— O ouro e, depois, a platina! Se não vier agora, não tem problema, vou seguir tentando. Mas estou treinando muito! Eu sou apaixonado por matemática. Eu tenho facilidade e gosto de números — destaca o garoto.
A de bronze já está no peito. A de prata está a caminho. Mas ele conta que ter habilidade natural não é tudo. O segredo para ter sucesso é muito claro: estudar e praticar, praticar, praticar...
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— Eu treinei muito, me preparei fazendo centenas de exercícios. Fiz duas vezes todas as provas da Olimpíada Brasileira de Matemática desde a edição de 2006. Tem uma diferença entre o exercício e o problema de matemática. A dica para deixar a matemática fluida é transformar um problema em um exercício. O problema é aquele que você nunca fez, daí você estuda até resolver. Quando você consegue resolver, ele vira um exercício. Se aparecer um parecido ou igual, já não vai mais ser um problema — explica, com a tranquilidade de um medalhista.
Em 2021, Leonardo disputou com quase 600 mil alunos dos sexto e sétimo anos do Ensino Fundamental de escolas públicas e privadas de todo país. Ele foi um dos 359 gaúchos que ganharam uma medalha de bronze. Em 2022, a concorrência aumentou: foram quase 900 mil alunos, das mesmas séries. Ele ficou com uma das 144 medalhas de pratas que ficaram com o Rio Grande do Sul. O número de medalhas de ouro, prata e bronze e também de menções honrosas já aparece no regulamento da competição.
Apoio na escola e em casa
Assim como no esporte, Leonardo sabe que a conquista não é só dele. Ele tem uma rede de apoio, ensino e amor dentro de casa e da escola. A professora de matemática Elisandra do Amaral Pinzon, que também é supervisora da Emef Governador Leonel de Moura Brizola, conta que as medalhas são o resultado de um trabalho diário.
— Todos os alunos são incentivados pelos professores a participar, a se desafiar, a tentar. Nós temos muitos alunos assim como ele, bem dedicados, mas o Léo é um caso especial, que nos dá muito orgulho, com certeza. A família dele faz toda a diferença, porque é nossa parceira e se empenha muito na educação dele e da irmã, que também é nossa aluna. Então, orgulho nos define, porque são alunos de escola pública que estão ganhando medalhas — conta a professora.
Em casa, não é diferente. A mãe Léa Fabiana Baron Ziembowicz Alegransi, que é dentista, não esconde o orgulho do filho. E não apenas pelas medalhas.
— Ele sempre foi muito dedicado e estudioso. Ele ama ler. Ele ama matemática. Mas o meu orgulho maior é da pessoa que ele está se tornando. Ele é muito carinhoso, amoroso, tem um coração enorme. Eu sempre digo que o melhor que os pais podem deixar para os filhos é o conhecimento, porque ninguém pode tirar. Então, tudo que eu puder fazer para ajudar, vou fazer. Às vezes, fica até difícil no caso dele porque ele sabe muito! Quando o Léo me pede algum auxílio em um exercício, me dá até um frio na barriga! Mas eu me esforço. Resumindo em palavras, tenho orgulho e gratidão pelos filhos maravilhosos que eu tenho — descreve a mãe.
O orgulho e a gratidão são recíprocos. Leonardo sabe o papel da família nas suas conquistas.
— Meu pai, minha mãe... minha irmã, que é beeem barulhenta, fez um silêncio para eu estudar. Ela é mais novinha, mas fez esse esforço por mim — lembra o adolescente.
Aos nove anos de idade, Laura conta que o irmão é uma inspiração para ela. Pelo visto, a matemática está no DNA da família.
— Foi muito legal quando ele ganhou, tenho muito orgulho. Eu amo brincar e fazer barulho, mas eu me esforcei muito para ficar mais em silêncio por causa dele, para ele estudar. Eu já gostava de matemática, mas a minha paixão aumentou muito por causa dele. Eu vou participar da edição Mirim — avisa.
Inscrições estão abertas para 2023
Para participar da 18ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, as escolas interessadas precisam se inscrever até o dia 17 de março, exclusivamente pelo site www.obmep.org.br.
A primeira fase é realizada na própria escola, com uma prova objetiva. Quem passa para a fase final faz uma prova descritiva, em outro local, com os alunos de todas as instituições inscritas, como se fosse um vestibular. As questões das duas etapas chegam em envelopes lacrados, enviados pela organização da olimpíada.
Enquanto o dia 30 de maio, data da primeira prova, não chega, Leonardo segue se preparando. Se a medalha não vier, o estudo com certeza não vai ser em vão.
— Eu já quis ser engenheiro, astronauta, já quis trabalhar na Nasa. Ficava mudando. Mas agora quero seguir no ramo da informática, da programação — revela.