Muay Thai
Atletas que criaram vaquinha para ir a campeonato mundial embarcam para a Tailândia
Jovens de Porto Alegre conseguiram arrecadar valores para viagem doações, rifa e ações em sinaleiras
Com esforços que foram além dos tatames, três jovens de Porto Alegre embarcaram para a Tailândia, nesta sexta-feira (10), onde participarão do campeonato mundial da World Muay Thai Federation (WMO). Em janeiro, o Diário Gaúcho mostrou a história dos lutadores, treinados pela campeã mundial de muay thai Simoni Santos, 37 anos, e a corrida para arrecadar a grana para a viagem. O evento ocorre de 12 a 20 de março, em Bangcoc, capital tailandesa.
Bianca Thayná Cunha de Oliveira, mais conhecida como Thayná Santos, 16 anos, Lucas Flores, 15, e Luã de Jesus, 23, não possuem patrocínio. Para cobrir com custos da viagem até a competição, os atletas precisaram de cerca de R$ 45 mil – sendo R$ 15 mil para cada um. Eles arrecadaram o valor a partir de uma vaquinha online, venderam rifas e fizeram ações em sinaleiras da Capital. O trio alcançou cerca de 66% da meta em doações. Os demais recursos estão sendo complementados pelas famílias dos jovens.
– Valeu a pena. Conseguimos o valor para os três irem, em praticamente dois meses. Estou muito feliz! As pessoas compraram a ideia, muitas ajudaram, em valores diferentes. Isso foi o mais importante, ver que as pessoas nos apoiaram mesmo – afirma Simoni.
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Além de entusiasmada com a oportunidade dos alunos, Simoni realiza mais um sonho. Sua filha Thayná vai lutar na mesma categoria em que ela foi campeã, Sênior 60 quilos.
– Como mãe e treinadora, eu queria estar indo junto. Mas entendo que essa luta (arrecadação) era para eles poderem ir. Preciso deixar eles voarem e confiar no bom trabalho feito. São bem treinados, estão preparados e vão dar show lá – afirma Simoni.
Nos últimos dias antes da viagem, os atletas já tinham a parte técnica preparada, conforme a treinadora. Os encontros da equipe, chamada Leões de Ouro, eram para exercícios de fôlego para chegar ao peso de cada categoria. Mais tranquilos com a passagem comprada, os jovens curtiam o frio na barriga que antecede um grande desafio e uma longa viagem.
– Estou muito ansiosa por ser uma viagem internacional. Mas é uma sensação incrível. Estou indo com 16 anos para o mesmo campeonato que minha mãe foi aos 32 anos. E ainda para competir na mesma categoria que ela – disse Thayná.
Ao ser questionada se está preparada para a luta, ela é sucinta:
– Minha mãe disse que estou, então fico segura no que ela falou.
Expectativa
Aluno de Simoni há mais de cinco anos, Lucas Flores foi classificado na categoria de 57 quilos.
– Estou me sentindo preparado e muito confiante. Consegui treinar muito e tirar todas as dúvidas com a Simoni. Também estou curioso sobre o lugar, que é muito diferente daqui – disse Lucas.
Quem está indo para a competição após uma convocação tardia é Luã, que também treina com Simoni. Ele já participou de outros campeonatos e está com expectativas positivas para o tailandês:
– Fui chamado depois, quando surgiu uma vaga na categoria de 60 quilos. Antes de lutar fico um pouco nervoso, mas tento focar em estratégias. A expectativa é ganhar sempre.
Ele entrou nas ações de sinaleira e na rifa para conseguir o valor para sua ida. Antes, quem iria junto com Thayná e Lucas era Kathelin Peres da Cunha, que também assina como Kathelin Santos, 17 anos, prima de Simoni. Mas, atualmente, ela está no Rio Janeiro, focada em treinos de artes marciais mistas (MMA).
Amuleto
Como espécie de amuleto da sorte, os atletas estão levando para a competição moedas estrangeiras, que ganharam nas sinaleiras da Capital.
– Eles iam ganhando essas moedas de outros países de pessoas na sinaleira. Depois começaram a colocar elas nas caixinhas para dar sorte nas arrecadações de rua. Acabou virando um amuleto e, casualmente, estava comigo na hora do embarque, eles levaram – explica Lisiane Flores Fuculo, 45 anos, mãe de Lucas.
A dica de Simoni para os alunos, que conquistou medalha de ouro no mundial da Tailândia, é não comer nada de diferente antes do combate.
– Até lutarem é para comerem só arroz e frango, para não ter risco de passarem mal. Mas depois que lutar é para experimentar de tudo mesmo, já que estarão num lugar novo, em outra cultura – disse, Simoni, com bom-humor.