Piquetchê do DG
Anna Júlia, do pioneiro 35 CTG, fala sobre os planos para o período como 1ª Prenda do Estado
Título não vinha para Porto Alegre desde 2004. A jovem, de Viamão, se orgulha em trazer a faixa para a 1ª Região Tradicionalista
“Há muito tempo que ando, nas ruas de um porto não muito alegre”. Com o verso da música Horizontes, composição de Flávio Bicca Rocha, a Capital “tradicionalista” não teve como não se alegrar. A música foi usada para apresentar o nome da 1ª Prenda do Estado. Anna Júlia dos Santos Fraga, 18 anos, foi a escolhida para estar à frente da juventude gaúcha na 52ª Ciranda Cultural de Prendas do Rio Grande do Sul.
LEIA MAIS
Nova Primeira Prenda é do 35 CTG, de Porto Alegre
35 CTG, o primeiro centro de tradições do Rio Grande do Sul, chega aos 75 anos
"Era agora ou nunca", diz o novo Peão Farroupilha do RS
A jovem mora em Viamão e, atualmente, cursa o último ano do Técnico em Meio Ambiente integrado ao Ensino Médio, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), na mesma cidade. No concurso, que ocorreu na cidade de Rio Grande, ela representou o pioneiro 35 CTG, da Capital.
Depois de muita dedicação e preparo, ela compartilha o sentimento de ter alcançado o objetivo e também traça planos para o seu período como 1ª Prenda Estadual.
– Ser primeira prenda é uma honra. Trazer o Rio Grande do Sul comigo em cada lugar que eu for e ser representante da juventude gaúcha, assim como as outras prendas e os nove peões, é muito importante. Esse ano será de muito trabalho, temos que planejar uma Ciranda, queremos visitar várias cidades e temos planos até para fora do Estado – conta a jovem.
Inédito
Outro motivo que torna o título ainda mais especial é ser a primeira prenda a trazer a faixa estadual para casa, o 35 CTG. Conforme Anna Júlia detalha, até então o CTG tinha apenas títulos de segundas prendas do Estado. Em um ano de celebração dos 75 anos da entidade, a conquista é um marco simbólico para o 35 e para ela:
– Vir nesse ano é muito especial. Tenho uma paixão pelo CTG e pela história que ele carrega. Aquele galpão exala uma energia que é muito boa, conseguimos sentir a essência do movimento lá dentro. Trazer o título para casa e trazer a Ciranda para a Capital ano que vem, e que não acontecia em Porto Alegre desde 2004, ano em que nasci, é muito gratificante.
Entre os próximos eventos que a prenda organizará está a Ciranda Cultural de Prendas, a fase regional, que ocorre em junho. A jovem também quer estar presente nas Cirandas Escolares, onde representantes tradicionalistas envolvem a comunidade escolar em atividades culturais gaúchas. Segundo ela, ano passado, mais de 700 crianças participaram das ações e, neste ano, a ideia é aumentar o projeto.
– Eu gosto muito do trabalho com comunidades em volta das entidades, principalmente as escolas. Temos que fazer a manutenção dos jovens do nosso movimento e onde encontramos mais jovens do que dentro de instituições de ensino? – reflete.
Destaque
Anna Júlia faz parte do 35 CTG desde os 14 anos. A rápida ascensão no meio tradicionalista é surpreendente, visto que ela é a primeira de sua família a ingressar no movimento.
– Eu venho de uma família que não é tradicionalista. Sou a primeira a entrar e fazer parte de um CTG e, posterior a isso, a minha família entrou. Comecei a me envolver com 11 anos, no CTG de Viamão, onde eu resido. Lá, fui apresentada a esse meio pelas danças, que normalmente são o cartão de visita das entidades. No ano seguinte, em 2016, eu adentro no CTG Recanto Nativo, onde sou apresentada à poesia. A declamação é uma das minhas paixões. Em 2018, eu começo a me interessar pelo cultural e fui a primeira prenda juvenil do CTG Charqueadores do Pampa. E, em 2019, vou para a minha atual entidade, o 35 CTG – explica a trajetória.
Com 16 anos, em 2021, Anna Júlia foi escolhida como primeira prenda adulta da entidade e, no ano seguinte, é eleita primeira prenda da 1ª Região Tradicionalista, que congrega mais de 40 entidades.
Homenagem
As jovens da Ciranda Cultural devem representar as virtudes, a cultura, os dotes artísticos e a expressão da mulher gaúcha. E, para demonstrar isso, as candidatas passam por uma série de testes. Anna Júlia conta que seu destaque no concurso foi na prova escrita:
– Por ser muito nova, minha preparação começou há três anos, quando eu concorri no interno, até chegar à concretização do sonho. Eu tive muitas pessoas que me auxiliaram neste caminho, tive aulas para prova escrita, com a primeira patroa mulher do 35 CTG, a Márcia Borges. Ela foi fundamental nessa questão de estudos.
Na provas artísticas do concurso, Anna Júlia prestou uma homenagem à família. Nesta etapa, as candidatas apresentam seus talentos como cantora, musicista, declamadora ou dançarina. A prenda escolheu declarar o poema de Moisés Silveira de Menezes, Disseram Que Era Feitiço.
– Foi uma homenagem ao legado da minha família, que é formada por benzedeiras. À minha bisavó materna, Vanda, e à minha tataravó paterna, Ana, da qual o meu nome se origina. Foi muito especial prestar essa homenagem para essas que vieram antes de mim e formaram a essência que eu tenho hoje – explica.
E quem é a Anna Júlia, a pessoa? Ela também respondeu:
– A jovem Anna Júlia está em uma constante transformação. Agora, de uma menina para uma mulher. Consigo perceber o meu crescimento e ver que a jovem que me tornei tem muitos valores vindos de dentro das entidades que eu frequentei e que moldaram o meu caráter.
Ouça a entrevista com a 1ª prenda do RS no Galpão da Gaúcha