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Anna Júlia, do pioneiro 35 CTG, fala sobre os planos para o período como 1ª Prenda do Estado  

Título não vinha para Porto Alegre desde 2004. A jovem, de Viamão, se orgulha em trazer a faixa para a 1ª Região Tradicionalista

28/05/2023 - 12h00min

Atualizada em: 30/05/2023 - 16h11min


Caroline Tidra
Caroline Tidra
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Jefferson Botega / Agencia RBS
Anna Júlia foi eleita como 1ª Prenda da categoria adulta na 52ª Ciranda Cultural de Prendas do Rio Grande do Sul

“Há muito tempo que ando, nas ruas de um porto não muito alegre”. Com o verso da música Horizontes, composição de Flávio Bicca Rocha, a Capital “tradicionalista” não teve como não se alegrar. A música foi usada para apresentar o nome da 1ª Prenda do Estado. Anna Júlia dos Santos Fraga, 18 anos, foi a escolhida para estar à frente da juventude gaúcha na 52ª Ciranda Cultural de Prendas do Rio Grande do Sul. 

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A jovem mora em Viamão e, atualmente, cursa o último ano do Técnico em Meio Ambiente integrado ao Ensino Médio, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), na mesma cidade. No concurso, que ocorreu na cidade de Rio Grande, ela representou o pioneiro 35 CTG, da Capital. 

Depois de muita dedicação e preparo, ela compartilha o sentimento de ter alcançado o objetivo e também traça planos para o seu período como 1ª Prenda Estadual. 

– Ser primeira prenda é uma honra. Trazer o Rio Grande do Sul comigo em cada lugar que eu for e ser representante da juventude gaúcha, assim como as outras prendas e os nove peões, é muito importante. Esse ano será de muito trabalho, temos que planejar uma Ciranda, queremos visitar várias cidades e temos planos até para fora do Estado – conta a jovem.  

Inédito

Outro motivo que torna o título ainda mais especial é ser a primeira prenda a trazer a faixa estadual para casa, o 35 CTG. Conforme Anna Júlia detalha, até então o CTG tinha apenas títulos de segundas prendas do Estado. Em um ano de celebração dos 75 anos da entidade, a conquista é um marco simbólico para o 35 e para ela: 

– Vir nesse ano é muito especial. Tenho uma paixão pelo CTG e pela história que ele carrega. Aquele galpão exala uma energia que é muito boa, conseguimos sentir a essência do movimento lá dentro. Trazer o título para casa e trazer a Ciranda para a Capital ano que vem, e que não acontecia em Porto Alegre desde 2004, ano em que nasci, é muito gratificante. 

Entre os próximos eventos que a prenda organizará está a Ciranda Cultural de Prendas, a fase regional, que ocorre em junho. A jovem também quer estar presente nas Cirandas Escolares, onde representantes tradicionalistas envolvem a comunidade escolar em atividades culturais gaúchas. Segundo ela, ano passado, mais de 700 crianças participaram das ações e, neste ano, a ideia é aumentar o projeto. 

– Eu gosto muito do trabalho com comunidades em volta das entidades, principalmente as escolas. Temos que fazer a manutenção dos jovens do nosso movimento e onde encontramos mais jovens do que dentro de instituições de ensino? – reflete. 

Destaque

Anna Júlia faz parte do 35 CTG desde os 14 anos. A rápida ascensão no meio tradicionalista é surpreendente, visto que ela é a primeira de sua família a ingressar no movimento.

– Eu venho de uma família que não é tradicionalista. Sou a primeira a entrar e fazer parte de um CTG e, posterior a isso, a minha família entrou. Comecei a me envolver com 11 anos, no CTG de Viamão, onde eu resido. Lá, fui apresentada a esse meio pelas danças, que normalmente são o cartão de visita das entidades. No ano seguinte, em 2016, eu adentro no CTG Recanto Nativo, onde sou apresentada à poesia. A declamação é uma das minhas paixões. Em 2018, eu começo a me interessar pelo cultural e fui a primeira prenda juvenil do CTG Charqueadores do Pampa. E, em 2019, vou para a minha atual entidade, o 35 CTG – explica a trajetória. 

Com 16 anos, em 2021, Anna Júlia foi escolhida como primeira prenda adulta da entidade e, no ano seguinte, é eleita primeira prenda da 1ª Região Tradicionalista, que congrega mais de 40 entidades.

Homenagem

As jovens da Ciranda Cultural devem representar as virtudes, a cultura, os dotes artísticos e a expressão da mulher gaúcha. E, para demonstrar isso, as candidatas passam por uma série de testes. Anna Júlia conta que seu destaque no concurso foi na prova escrita: 

– Por ser muito nova, minha preparação começou há três anos, quando eu concorri no interno, até chegar à concretização do sonho. Eu tive muitas pessoas que me auxiliaram neste caminho, tive aulas para prova escrita, com a primeira patroa mulher do 35 CTG, a Márcia Borges. Ela foi fundamental nessa questão de estudos.

Na provas artísticas do concurso, Anna Júlia prestou uma homenagem à família. Nesta etapa, as candidatas apresentam seus talentos como cantora, musicista, declamadora ou dançarina. A prenda escolheu declarar o poema de Moisés Silveira de Menezes, Disseram Que Era Feitiço

– Foi uma homenagem ao legado da minha família, que é formada por benzedeiras. À minha bisavó materna, Vanda, e à minha tataravó paterna, Ana, da qual o meu nome se origina. Foi muito especial prestar essa homenagem para essas que vieram antes de mim e formaram a essência que eu tenho hoje  – explica. 

E quem é a Anna Júlia, a pessoa? Ela também respondeu: 

– A jovem Anna Júlia está em uma constante transformação. Agora, de uma menina para uma mulher. Consigo perceber o meu crescimento e ver que a jovem que me tornei tem muitos valores vindos de dentro das entidades que eu frequentei e que moldaram o meu caráter.

Ouça a entrevista com a 1ª prenda do RS no Galpão da Gaúcha

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