Piquetchê do DG
"Era agora ou nunca", diz o novo Peão Farroupilha do RS
Aos 27 anos, Andrei Luiz Fonseca, morador de Entre-Ijuís, na Região das Missões, está à frente da nova gestão estadual de Peões
Há pouco mais de uma semana, o Rio Grande do Sul conta com novos Peões, Guris e Piás para representar a cultura e o campeirismo gaúcho. Eles formam a nova Gestão Estadual de Peões, que, junto à Gestão Estadual de Prendas, terá missões nobres até o próximo concurso, chamado de Entrevero Cultural de Peões: representar a cultura, as habilidades artísticas e campeiras e ajudar a levar o tradicionalismo a outros jovens do Estado.
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O vencedor na categoria Peão foi Andrei Luiz Fonseca, 27 anos. Morador de Entre-Ijuís, na Região das Missões, ele representou o CTG Passo do Ijuí.
– Comecei a participar de uma entidade tradicionalista aos 12 anos. A convite de um colega de escola, fui participar de um ensaio de invernada e gostei. No primeiro ensaio, já comecei a dançar, mesmo sendo tímido. Vi que era um local onde eu tinha possibilidade de aprender bastante e fazer novas amizades. Em 2010, depois de dois anos dançando, participei de um concurso de peões na fase interna – conta Andrei.
Antes de chegar ao Entrevero, que envolve participantes de todo o Estado, Andrei precisou passar por um concurso em sua entidade. Depois, outro na sua Região Tradicionalista (RT), a 3ª, que envolve, segundo o Movimento Tradicionalista Gaúcho, 41 municípios. Segundo ele, foram cinco vezes concorrendo pela 3ª RT antes de passar para o estadual.
– Ano passado tive a felicidade de ser o 1 º Peão da 3 ª Região Tradicionalista e, com isso, participei do Entrevero com limite de idade, aos 27 anos. Era agora ou nunca – conta o peão.
Vários talentos
O Entrevero ocorreu entre os dias 20 e 22 de abril, em Ijuí. Foram dias intensos. A sexta-feira (21) começou com prova escrita. Depois foram feitas as provas artísticas: era preciso cantar, declamar ou tocar um instrumento e apresentar uma dança de salão e uma tradicional. No sábado (22), foram realizadas as provas campeiras.
– Acredito que a experiência, depois de alguns anos participando de eventos tradicionalistas, foi o que me deu uma segurança, e também as várias mãos que me auxiliaram – explica Andrei.
O título foi entregue pelo seu antecessor, Eloir Wichinheski, e o troféu, pelo presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho ( MTG), Manoelito Savaris.
– É a realização de um sonho, de um trabalho de anos que é feito por amor. Amor ao tradicionalismo, à cultura gaúcha e por tudo que ela nos proporciona de aprendizado. O meu legado hoje é deixar para novas gerações ou possibilitar que elas possam aprender aquilo que eu pude aprender e que foi importante para minha vida – afirma.
Aproximação
Além de dançar na invernada adulta pelo CTG, Andrei se manteve envolvido com outras atividades, como dar aula de dança para crianças.
– Em 2016, comecei um trabalho voluntário junto de uma prenda, colega de invernada. Fomos nas escolas convidar as crianças porque o CTG não tinha invernada infantil e entendemos que elas são a base. Foi algo desafiador e rendeu muitos frutos. Atualmente, dou aulas para dois grupos no meu CTG, a invernada Dente de Leite, que são crianças de dois a cinco anos, e para a Pré-Mirim, que são de seis a 10 anos – conta o peão.
Por esse contato com a dança, o evento que aguarda com maior expectativa é o Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart), que está previsto para novembro. Depois, há expectativa para receber o concurso na sua cidade, no próximo ano.
Até o final da gestão, Andrei e os demais representantes irão participar de eventos do MTG, promover outros e dar palestras. Por isso, outra parte importante do trabalho é aproximar outros jovens do tradicionalismo:
– A minha ideia é aproveitar todas as oportunidades para levar o pouco que eu sei da cultura gaúcha e do tradicionalismo para outras pessoas e incentivar a participação. Analisando o Entrevero, teve apenas nove peões concorrendo categoria de Peão Farroupilha. De 30 regiões poderíamos ter a felicidade de ter mais concorrentes. Então, a ideia é tentar fazer com que o pessoal queira estar envolvido no movimento gaúcho.