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No Morro Santana, projeto que ensina boxe de forma gratuita sonha com espaço para aulas

Iniciativa funciona há dois anos realizando treinamentos em viela; objetivo é conseguir R$ 20 mil para ampliar sede atual, que fica em peça cedida na casa de apoiadora

02/05/2023 - 11h14min

Atualizada em: 02/05/2023 - 11h36min


Anselmo Cunha / Agencia RBS
Objetivo do projeto é levar cultura e lazer para comunidade. Na foto, o aluno Daniel (E) e o professor Lucas (D) treinam na rua

Há dois anos, o projeto social Gancho do Povo oferece aulas de boxe gratuitas a jovens da Vila Colina, no Morro Santana, Capital. Cerca de 20 jovens, de seis a 15 anos, participam da iniciativa – no entanto, mais de 70 já passaram por ela. Além das aulas esportivas, há também debates sobre temáticas sociais, ações solidárias e lanches para a gurizada. 

Para continuar impactando a vida desses jovens, a iniciativa tem uma campanha de arrecadação ativa, a fim de ampliar a sede atual do projeto. O objetivo é conseguir R$ 20 mil para toda a reforma. 

O núcleo das atividades fica atualmente em uma pequena peça cedida, na casa da apoiadora Tânia Beatriz Silveira de Lima, 63 anos, que é líder comunitária da região. Por isso, o local não tem espaço suficiente para as práticas esportivas. Os treinos são feitos ao ar livre, em uma viela do bairro. 

Anselmo Cunha / Agencia RBS
Centro de treinamento permitiria o desenvolvimento de atividades que hoje não são possíveis

Segundo o professor de boxe Lucas Kieling Bublitz, 28 anos, que também é estudante de Direito da UFRGS, conquistar um espaço de treinamentos fechado garantiria mais segurança e melhores condições para o desenvolvimento das atividades. Em dias frios ou chuvosos, por exemplo, não é possível realizar as aulas.

O projeto recebeu materiais esportivos por meio do edital Segue o Jogo, promovido pelo governo do Estado, em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa) Frederico Westphalen. No entanto, alguns equipamentos ainda não foram utilizados pelo projeto, como o saco de pancadas, por não existir um local onde possa ser pendurado. Com a nova sede, esse e outros artigos esportivos poderiam finalmente fazer parte das aulas.

Trajetória

Anselmo Cunha / Agencia RBS
Tânia no local da nova sede

O Gancho do Povo foi criado em 2021, após o despejo de algumas famílias da Vila Colina. Lucas ofereceu assessoramento jurídico gratuito para os moradores e, durante o processo, conheceu Tânia. Ela atuava de forma voluntária na comunidade, ajudando a angariar comida e roupas para as famílias. 

Em uma conversa, comentou que a região não possui atividades e espaços de lazer. A preocupação em oferecer atividades para os jovens levou a dupla a dar início ao projeto: Lucas entrou com o conhecimento de boxe, e Tânia, com uma peça de sua casa para reuniões do projeto e lanches solidários após os treinos.

– O nosso objetivo é tirar esses jovens das ruas e ocupá-los com coisas positivas. Ensinamos, para além do boxe, princípios de coletividade e respeito. Com o tempo, eles mesmos estabeleceram as suas regras de convívio, de como ir bem na escola para poder frequentar as aulas. E também já vimos a solidariedade entre eles, como doação de roupas e calçados. Então o projeto é também sobre companheirismo – explica Lucas.

Transformação

Anselmo Cunha / Agencia RBS
Marciele é a única menina da turma

O projeto encaminha os alunos de destaque para O Ginásio, um centro de treinamento de boxe profissional no bairro Cidade Baixa. Os alunos selecionados não pagam mensalidade e ganham parte das passagens para irem treinar. Lucas explica que essa parceria foi firmada para garantir o desenvolvimento contínuo dos jovens. 

Um exemplo dessa aliança é Gabriel de Jesus Guedes, 14 anos, que frequenta o projeto desde o começo. Ele explica que viu sua vida mudar com o boxe, pois conseguiu desenvolver maior controle emocional, paciência e foco. Ele está se preparando para competir no circuito brasileiro ainda nesse ano e sonha com o cinturão.

– Gosto do projeto porque é uma irmandade. Todos se ajudam no que precisam. Eu também fico feliz porque conquistei um sonho: treinar profissionalmente e estar me preparando para competições – conta.

Anselmo Cunha / Agencia RBS
Projetou ganhou materiais esportivos em edital

Quem também viu a vida mudar foi Daniel dos Santos, 14 anos, e Marciele Silveira Rodrigues, 12 anos, que passaram a ter notas melhores na escola e desenvolveram mais disciplina ao iniciarem nas aulas de boxe.

– Aqui aprendemos também a importância do estudo. É luvas e livros nas mãos – pontua Daniel.

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Colabore

/// É possível colaborar com a iniciativa doando materiais de construção como costaneiras, pedras grês, telhas brasilit, pregos (16x21 e 20x48), prancha de assoalho (largura de 20cm) e sarrafos (largura 10cm). A entrega pode ser feita diretamente na casa de Tânia (Rua Grécia, 777). 

/// Outra forma de colaborar com o projeto é realizando doações financeiras pelo Pix ganchodopovo@gmail.com.

/// Mais informações pelo telefone (51) 99618-7852.

Produção: Júlia Ozorio 



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