Piquetchê do DG
Do tablado do CTG para o altar: conheça a história de Mariana e Matheus
Em alusão ao dia mais romântico do ano, o casal de Gravataí, compartilham sua história de amor
Os Centros de Tradição Gaúcha (CTGs), espalhados pelo Estado e pelo mundo afora, são conhecidos por serem palco para bailes, trovas, invernadas, chulas e outras apresentações. CTG também é lugar onde acontece a formação de laços que, por vezes, ultrapassam a amizade. Nos galpões, nascem grandes histórias de amor, como as de Barbosa e Nilza Lessa, de Rodi Pedro e Alda Borghetti, entre outros casais gaúchos.
Foi no CTG Laço da Amizade, em Gravataí, que Mariana Bastos Rodrigues, 24 anos, e Matheus Vieira Bandeira, 23 anos, tiveram o primeiro contato, há quase 10 anos. De famílias que já frequentavam os CTGs, foram introduzidos à dança ainda crianças.
– Eu danço desde sempre. Minha mãe tem foto grávida, dançando – conta Mariana, que é professora.
Matheus, projetista e estudante de Arquitetura, completa:
– Fomos criados dentro desse meio, e não tinha como ser diferente com a gente.
E, para uma relação nascer, alguém tem que fazer o primeiro movimento. No caso deles, Mari teve mais ousadia, em 2014.
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– Eu estava dançando na (invernada) Adulta do CTG, daí Mari me viu no encerramento do final do ano e me chamou no Facebook para convidar para dançar na Juvenil. Eu não tinha idade para adulta, mas ia para quebrar galho. Quando começamos a conversar, não paramos mais. Em seguida, ficamos – relembra Matheus.
– Em vários aniversários de 15 anos e eventos, fomos juntos, como casal – conta Mari.
Após meses, ela mudou de CTG e foi para o Rancho da Saudade, em Cachoeirinha. No período afastados, ambos tiveram outros relacionamentos. Em 2015, Matheus também mudou para o Rancho:
– Quando coloquei meu pé no CTG, encontrei a Mariana. No meu primeiro ensaio, dançamos juntos. Teve um clima, porque fazia tempo que não nos víamos.
Entre encontros e desencontros, em 2019, Mari ficou solteira.
– Era um olho no peixe e outro no gato. A Mari estava lá, e eu cuidando. Nos encontrávamos sempre nos eventos do Rancho e íamos nos rodeios, bailes – diz Matheus.
O namoro começou oficialmente em janeiro de 2020 e, conforme o casal, a pandemia acelerou a relação. Sem ensaios e com restrições para trabalhar, eles ficavam intercalando as semanas, um pouco na casa dos pais da Mari, um pouco na casa dos pais de Matheus. Essa situação não durou muito tempo, pois em 2021, conquistaram uma casa. Logo, surgiu o assunto casamento.
– Foi sempre meu sonho casar, e o do Matheus também. Queria um casamento do jeito que eu planejava e achava que seria um sonho distante. Mas, conversando com a família da Matheus, começamos a falar do lugar e tudo aconteceu muito rápido – detalha Mari que, rapidamente, pensou na data em relação aos planos que envolvem os eventos do CTG:
– Decidimos que tinha que ser em março, porque final de ano todo mundo está envolvido em função do Enart e no meio do ano não dava por causa do frio e o casamento era ao ar livre.
O casamento ocorreu em março deste ano e, segundo eles, mais da metade dos padrinhos são amigos e casais do CTG.
Valsa escolhida durante a pandemia
Na pandemia, o casal planejava qual seria a valsa do casamento, mesmo que, na época, casar ainda não estava nos planos. Foi na gravação de um vídeo para o TikTok que houve a decisão, recorda Mari:
– Dançamos Te Chamo Prenda, de Marcelo Oliveira, e ali eu disse que seria a valsa do nosso casamento. Sempre falávamos dessa música.
– É uma declaração, e gostamos muito dessa música – complementa Matheus.
A comemoração do casal no Dia dos Namorados, conforme detalham, ocorreu no rodeio artístico Sarau de Artes Gaúchas, do CTG M’Bororé, em Campo Bom, que ocorreu neste último final de semana.
O tempo em convivência e o sentimento pelo mesmo núcleo – neste caso, o CTG –, são fatores que propiciam relações, como comenta Rogério Bastos, presidente da Comissão Gaúcha de Folclore e assessor de comunicação do Movimento Tradicionalista Gaúcho.
– São muitas histórias de casais formados no CTG, é tão natural. As pessoas convivem na invernada muito tempo, dançam, namoram e se casam. É como diz o ditado conhecido: “Só se ama aquilo que se conhece”, e muitos jovens passam dias juntos, dançando, ensaiando. É muito intenso, ou ama ou odeia – diz Bastos, que também conheceu sua esposa, Liliane Pappen, durante a edição do Enart, em 2009.