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Caso inusitado

"A mão de Deus me salvou", afirma padre que foi atingido por tiro em crucifixo durante assalto em Caxias

Pároco da Cristo Operário, Jairo Luis Gusberti, 57 anos, teve ferimento superficial

11/10/2023 - 12h37min


Aline Ecker
Aline Ecker
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Neimar de Cesaro / agência RBS
Bala acertou o acessório que o religioso usava e ficou alojada no osso do peito dele, sem que ele se ferisse com gravidade

"Nós sofremos um assalto e, graças a Deus, não aconteceu nada grave. Graças à mão de Deus, que certamente, não tenho dúvidas, me salvou neste momento". Com essas palavras e muita tranquilidade, mas ainda abalado pelo assalto que viveu nas últimas horas, o padre Jairo Luis Gusberti, 57 anos, recebeu a reportagem na casa paroquial no bairro Bela Vista, em Caxias do Sul, na manhã desta terça-feira (10). 

O religioso levou um tiro no peito, em um assalto na noite de segunda-feira (9), mas a bala atingiu o crucifixo que ele usava no pescoço, entortou o objeto e ficou alojada no osso do peito, o que para ele evitou um ferimento grave. O assalto aconteceu por volta das 21h na esquina das ruas Primo Antônio Bertoletti e Arthur Baldisserotto, no bairro Cristo Redentor. Os criminosos fugiram com o carro da Mitra Diocesana. Gusberti levava duas catequistas para casa depois uma reunião para tratar de assuntos religiosos, quando o assalto aconteceu.

— Nós concluímos a reunião dos catequistas e, aí, como de praxe, a gente se dá carona para que cheguem todos em segurança em casa. No encontro de duas ruas, bem próximo à casa de uma delas, fomos abordados por três jovens e foi muito rápido. Logo que eu parei o carro, um deles disparou, quebrou o para-brisa e a bala bateu no meu peito, justo no crucifixo. Entortou e se cravou no osso do meu peito — lembra. 

Mesmo ferido, o padre saiu do carro e manteve a calma enquanto caminharam cerca de 50 metros para chegar à casa de uma das catequistas. Na moradia, acionaram a Brigada Militar (BM) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).  Na ambulância, até os socorristas demostraram surpresa, conta o religioso:

— Eu estava muito bem, não tive nenhum desespero, estava assustado é claro, mas sem desespero. Eu as acudia e elas a mim, então nós três nos socorremos e caminhamos juntos. Eu sentia uma ardência no peito como se fosse uma queimadura. A bala perfurou a blusa, eu vi, estava todo ensanguentado e imaginei que tinha algo dentro do peito.  O médico e a enfermeira disseram que era coisa de filme. O médico falou que em 18 anos de profissão nunca passou por um atendimento assim e que era um milagre. Fui salvo pelo Criador.

Natural de Nova Prata, o pároco conta que o crucifixo o acompanha sempre: 

— Sempre uso um crucifixo como um sinal da proteção de Deus na minha vida. Peço a todos para rezarmos por um mundo de paz e serenidade e pelo fim das guerras, da violência e do ódio. É sempre algo que nos choca, mas vamos em frente, construindo um mundo sem violência e de paz. Rezar por esses jovens e pelas famílias também. 

Neimar de Cesaro / agência RBS
Bala acertou o acessório que o religioso usava e ficou alojada no osso do peito dele, sem que ele se ferisse com gravidade

No hospital, depois de passar por uma tomografia, o padre foi informado que a bala estava alojada no osso do peito. Ele passou por um procedimento para retirada do projétil e teve alta por volta da meia-noite. 

Polícia Civil busca imagens do crime 

Até o momento, os autores do crime ainda não foram identificados ou presos. A investigação fica sob responsabilidade do delegado Luciano Righes Pereira, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).

— Durante a ação criminosa, a vítima foi baleada na altura do peito, sendo parada pelo crucifixo, então ela teve um ferimento que não foi tão grave em face de o crucifixo ter segurado o disparo ali. Estamos investigando para buscar a identificação dos autores. Nós vamos inquirir as partes e ir em busca das imagens das câmeras de vídeo monitoramento da região — explica o delegado. 


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