Seu Problema É Nosso
Mãe aguarda há sete meses por vaga em creche no município de Capão da Canoa
Pollyanna Bastos, 21 anos, precisou pedir demissão do antigo emprego por não ter com quem deixar as filhas
Para a secretária Pollyanna Bastos, 21 anos, retornar ao mercado de trabalho tem sido um desafio. Isso porque, sem uma rede de apoio, precisa conciliar a rotina profissional com a maternidade. Sem ter com quem deixar as filhas gêmeas, Zhoe e Chloe Bastos, nove meses, procurou a rede pública de ensino de Capão da Canoa, município do litoral norte do Estado. No entanto, já aguarda há sete meses por vagas em berçários.
Quando descobriu sobre a gestação, a jovem estava prestes a completar dois anos na empresa em que trabalhava. Via o antigo emprego como promissor, no entanto, não pôde permanecer. Ainda durante o período de afastamento garantido pela licença-maternidade, solicitou as vagas na Educação Infantil.
– Tentei pensar em várias alternativas. Como o prazo para retornar ao trabalho estava chegando, e eu não conseguia escola para elas, resolvi fazer orçamentos em particulares. Mas não tinha como, porque são duas. Teria que deixar quase todo meu salário na creche. Por isso, decidi pedir demissão – relata.
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Ajuda
Desde o início da solicitação das matrículas na creche, em março, as meninas ainda não saíram das posições 12 e 13 da fila de espera. Aguardam uma vaga na Escola Municipal Pingo de Gente. A jovem conta que solicitou ajuda ao gabinete do prefeito. O órgão informou que iria avaliar a reserva de duas vagas em escolas particulares, até que surgissem na rede pública. Contudo, a possível alternativa ainda não foi apresentada.
– Quando engravidei, imaginei que seria difícil conseguir as vagas. Logo que elas nasceram, já entrei com o pedido, porque sabia que seria um processo demorado. Mas não imaginei que demoraria tanto – desabafa.
Dificuldades Sendo mãe solo, as dificuldades se multiplicam. Enquanto a vaga na Educação Infantil não chega, Pollyanna segue impossibilitada de trabalhar. As condições financeiras não são das melhores. A jovem vive sozinha com as duas filhas em um apartamento cedido por parentes.
Durante o mês, o dinheiro que tem para pagar contas, comprar fraldas e alimentos para os bebês é R$ 950, benefício recebido por estar cadastrada no Bolsa Família.
– Percebo que esse problema é vivenciado por outras mães também. É uma situação difícil. Só queremos trabalhar para dar uma vida melhor aos nossos filhos – comenta.
Prefeitura: família deve aguardar
A assessoria de comunicação do gabinete do prefeito de Capão da Canoa informou à reportagem que, ao receber a solicitação de Pollyanna, encaminhou o assunto para a Secretaria Municipal de Educação.
A pasta, por sua vez, alegou que não há vagas disponíveis em berçários da rede pública e que a família deve aguardar possíveis transferências ou desistências.
Produção: Nikelly de Souza