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Eu Sou do Samba

"O que falta para o Carnaval é a participação nos fóruns de decisão"

Colunista Alexandre Rodrigues escreve sobre Carnaval e samba todas as sextas-feiras

06/10/2023 - 11h43min

Atualizada em: 06/10/2023 - 11h45min


Alexandre Rodrigues
Alexandre Rodrigues
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Entramos em outubro e está prevista, para a primeira quinzena deste mês, a publicação de mais um edital da Lei Paulo Gustavo. Porto Alegre recebeu um total de R$ 11 milhões do governo federal, destinados a implementar ações que promovam o restabelecimento das cadeias econômicas da cultura impactadas pela pandemia. Do total, R$ 8 milhões são para a execução das metas relacionadas ao segmento audiovisual e R$ 3 milhões, para multilinguagens culturais.

O assunto já foi tema de encontro na Câmara Municipal de Porto Alegre, quando, em junho deste ano, entidades carnavalescas se reuniram para falar sobre a aplicação dos valores. O debate também apareceu bastante durante o Simpósio Políticas Públicas, em agosto, e vira e mexe volta a ser discutido nas rodas de conversa por aí.

Com o objetivo de ser um espaço para ajudar a deixar tudo mais claro, Eu Sou do Samba bateu um papo com o produtor cultural Sandro Santos, que respondeu algumas perguntas sobre a Lei Paulo Gustavo e seus desdobramentos. Sandro tem forte relação com o Carnaval de Porto Alegre, já passou pela Estado Maior da Restinga, pela Secretaria de Estado da Cultura, pela Fundação Cultural Palmares e, hoje, atua na coordenação-geral da política dos trabalhadores da cultura, em Brasília. Confira:

Sandro Santos / Arquivo pessoal
Sandro Santos

Os projetos relacionados a Carnaval podem ser enviados tanto para os editais de multilinguagens culturais quanto para os de audiovisual?
Sim. O Carnaval pode acessar também a lei do audiovisual, desde que faça projetos ligados ao audiovisual. Pode ser a gravação de DVD, longas-metragens documentais, curtas-metragens, videoclipes... Esse edital é transversal. Infelizmente, por conta de políticas não efetivas, o Carnaval tem focado somente no espetáculo, e não consegue trabalhar outras ações para além do evento.

Outra lei que pode ser acessada é a Aldir Blanc 2. Qual a diferença para a Paulo Gustavo?
A Lei Aldir Blanc 2 é uma lei através da qual os municípios vão apresentar um plano plurianual, para cinco anos. Os recursos da Lei Paulo Gustavo são pontuais, apenas para esse ano. Já os recursos da Lei Aldir Blanc 2 são perenes e mais estruturantes para uma política, por exemplo, voltada ao Carnaval.

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Como as entidades carnavalescas devem agir na busca pela captação de mais recursos?
O que falta para o Carnaval é a participação nos fóruns de decisão. O Carnaval atua muito na política e não atua nos processos decisórios da formulação dessas políticas. É nisso que o Carnaval tem que se atentar. Estamos entrando no período das conferências de cultura, e o Carnaval tem que se mobilizar para demandar políticas não só para o espetáculo, mas políticas que possam estruturar a cadeia produtiva como um todo.

No que focar, além das leis?
No meu ponto de vista, como produtor... É preciso pensar nos produtos culturais que o Carnaval tem, como os ensaios, eventos festivos, as escolhas das rainhas, dos sambas, as feijoadas dentro das quadras. Quando for estruturar um projeto para vender, não pode vender apenas o produto do desfile. É preciso expandir para buscar por patrocinadores, identificando quais são os produtos que o Carnaval tem e, dentro desses produtos, quais são as entregas de cada produto. Falo, aqui, da relação comercial e marketing, viés sociocultural, viés socioeconômico, viés socioambiental. Por exemplo: quando (uma entidade ou escola) for vender Carnaval, tem que vender junto a programação anual. O patrocinador, assim, vai enxergar a marca dele por um longo período, e vai enxergar também que está contribuindo para outras questões intrínsecas.

Workshop da banda Um Amô

Sandro Mendonça / Divulgação
Instrumentistas estarão neste fíndi no Afro-Sul Odomode

A banda Um Amô desembarca em Porto Alegre neste fim de semana para o workshop de bateria Ritmo por Elas, no espaço Afro-Sul Odomode (Avenida Ipiranga, 3.850). A banda, composta exclusivamente por mulheres ritmistas das escolas de samba do Rio de Janeiro, vai proporcionar aos gaúchos a oportunidade de aprender, trocar conhecimentos e se conectar com o samba. Amanhã, a banda fará um show, às 19h, para esquentar para o workshop, que será no domingo, das 14h às 18h.

– Durante o workshop, as participantes terão a oportunidade de imergir na batucada conosco. Vamos compartilhar nossas experiências, técnicas e segredos, além de abordar aspectos culturais e musicais do samba. Será um encontro enriquecedor, onde a musicalidade e o empoderamento feminino serão celebrados de forma contagiante – diz a vocalista Mariana Braga.

Os ingressos para o show custam a partir de R$ 20, via plataforma Sympla (bit.ly/umamo). Já as inscrições para o workshop podem ser feitas por meio do Whats (21) 96465-1046. As vagas são limitadas.

Há nove anos, a banda Um Amô traz consigo a tradição e a energia das escolas de samba mais tradicionais do Rio de Janeiro, como Viradouro e Vila Isabel. Com uma trajetória consolidada no universo percussivo, o grupo tem conquistado admiradores e promovido a valorização da presença feminina nos mais diversos espaços.

Para celebrar Marrom

Carol Caminha / GShow/Divulgação
“Som Brasil” vai visitar os 50 anos de carreira da artista

O programa Som Brasil da próxima quarta-feira, dia 11 de outubro, homenageará Alcione, 75 anos. O especial comandado pelo apresentador Pedro Bial vai visitar os 50 anos de carreira da cantora e seus maiores sucessos, que ajudaram a bater a marca de mais de 8 milhões de discos vendidos ao redor do mundo inteiro.

A gravação ocorreu mês passado, na quadra da Estação Primeira de Mangueira, escola de samba do coração de Alcione no Rio de Janeiro. O local do show não foi escolhido à toa: Marrom será enredo da agremiação no desfile de 2024, com o título A Negra Voz do Amanhã. 

O roteiro do programa ficou a cargo de Paulo Mario Martins, que também trabalha no Conversa com Bial. O apresentador não esteve na Mangueira acompanhando o show da cantora, mas conduziu uma entrevista com a artista homenageada.

O programa vai ao ar na Globo, logo após Todas as Flores, com participações de Leci Brandão, Mumuzinho, Luedji Luna, Luciana Mello, Diogo Nogueira e Velha Guarda da Mangueira.

Lançado em 1981, o Som Brasil já homenageou nomes como Tom Jobim (1927 — 1994), Vinicius de Moraes (1913 — 1980), Djavan, entre outros artistas.

Mudança nas inscrições

Marcado para iniciar em 2 de outubro — como divulgado pela coluna semana passada —, o período de inscrições para a Corte da Diversidade mudou: ocorrerá do próximo dia 16 até 4 de novembro. As regras seguem as mesmas! Podem participar mulheres trans, transformistas e drags maiores de 16 anos e que se identifiquem com o Carnaval.

A ficha de inscrição estará disponível na Casa de Descentralização (Rua Santa Terezinha, 711), sempre pela manhã. A escolha da Corte deve ser realizada em 3 de dezembro.

Eventos

Mini Divas — Galeto com show das crianças do projeto, Bateria Coração da Vila, escola de samba Realeza, Os Medinas e Andrea Cavaleiro e André Nascimento. Neste domingo, a partir das 12h, na quadra da União da Vila do Iapi (Avenida Bernardino Silveira Amorim, 911). Ingressos somente antecipados, com Lisy, no Whats (51) 98223-2671.

Imperadores do Samba — Quarta Nobre. Dia 11 de outubro, a partir das 21h. Entrada free até 22h. Depois desse horário, ingressos a R$ 10. Reserva de mesas e camarotes por meio dos números (51) 99274-3495 e (51) 99740-9169. 

Vila do Iapi — Lançamento oficial do tema do enredo e do samba. Sexta-feira, 13 de outubro, às 21h30min, na quadra da escola (Avenida Bernardino Silveira Amorim, 911). Ingressos a partir de R$ 10. Mais informações por meio do Whats (51) 99145-6768.


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