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Agora na Andradas

Obras de revitalização avançam no Centro Histórico de Porto Alegre

Lojistas reclamam de transtornos e apontam queda nas vendas; trabalhos devem ser concluídos em fevereiro de 2025, segundo a prefeitura

15/11/2023 - 09h56min


Jean Peixoto
Jean Peixoto
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Iniciadas em junho de 2022 e com previsão de término em fevereiro de 2025, as obras de revitalização do Centro Histórico de Porto Alegre seguem avançando. A prefeitura não divulga um percentual de conclusão sob alegação de que os trabalhos ocorrem em diversas vias simultaneamente, o que inviabilizaria essa definição.

A reportagem percorreu o trajeto das obras nesta segunda-feira (13) para verificar o andamento dos trabalhos no chamado Quadrilátero Central. As reformas abrangem trechos da Avenida Borges de Medeiros, das ruas Vigário José Inácio, Doutor Flores, General Vitorino, Marechal Floriano Peixoto, Uruguai e Voluntários da Pátria.

Na Voluntários e nas primeiras quadras das vias adjacentes já não há bloqueios para veículos e pedestres. O maquinário foi retirado nas últimas semanas e avançou em direção à Rua dos Andradas, onde as obras se concentram desde outubro. 

Entretanto, apesar da aparência de conclusão, quando se caminha pela Vigário José Inácio e pela Doutor Flores, é possível perceber que ainda faltam reparos nas calçadas, que agora estão pavimentadas com blocos de concreto. Em alguns pontos, ainda há cones e fitas sinalizando algum trabalho a ser concluído.

Gerente de uma loja de roupas na Rua Marechal Floriano Peixoto, Marcelo Marquez, 48 anos, diz que as vendas em seu estabelecimento caíram 40% durante os quatro meses de obra no local. Ele avalia que faltou planejamento para a execução dos trabalhos.

— Então, eles deveriam fazer uma rua toda em um mês, três semanas, depois avançar para outra rua. Não fazer uma aqui, amanhã fazer em outra rua, outro buraco, outra sujeira. O centro ficou um caos. Foi muito mal planejado — comenta.

Na Rua dos Andradas, as obras são executadas simultaneamente em pelo menos três trechos. Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi) informa que a reforma “é uma obra viva, e iria demorar muito tempo para finalizar uma rua e começar outra”.

Marquez também opina que o ideal seria que aquele trecho da rua fosse destinado apenas aos pedestres por ser muito estreito. Com relação ao acabamento, ele aprovou as melhorias nas calçadas e no pavimento.

Dificuldade de locomoção

Na Andradas, quase esquina com a Borges de Medeiros, onde uma pilha imensa de blocos de concreto foi formada próximo à Esquina Democrática, a instalação de tapumes em ambos os lados da rua causa transtornos aos pedestres e lojistas.

Carlos Rodrigues, 32, gerente de uma filial de uma rede de fastfood na Andradas relata uma série de transtornos enfrentados com as obras. Segundo ele, desde que a pilha de blocos de concreto foi depositada no local, os fornecedores precisam estacionar o caminhão na Borges de Medeiros e carregar os condimentos nos braços até a loja.

Em uma loja de acessórios localizada em frente ao tapume, o fiscal de loja Davi Amarante, 35, se espreme entre a entrada da loja e os transeuntes para ficar próximo à porta. Ele aponta para as mercadorias no mostruário e comenta que o pó da obra já está alcançando os produtos. Ele também diz que já observou redução no movimento.

— Agora, quem está passando do outro lado  da obra não consegue ver a loja e quem passa aqui na frente fica esmagado — pontua.

Além das obras, outro fator que dificulta a locomoção são os vendedores ambulantes que atuam na região central. Para conter essa situação, a Guarda Municipal e a Diretoria-Geral de Fiscalização da prefeitura vêm realizando a Operação Calçada Livre. Segundo o Executivo, em 2023, três pessoas foram presas e mais de 15 mil itens foram apreendidos pela ofensiva. 

Poeira e lama

Além disso, uma reclamação de diversos comerciantes se refere à sujeira. Em dias de calor e vento, o pó das obras sobe e se deposita nos vidros, no chão e até nas mercadorias. Em dias de chuva, o problema é a lama dos locais onde as pedras foram removidas. O espaço para as pessoas transitarem nas calçadas também ficou reduzido. Em alguns locais, é preciso fazer malabarismos para desviar dos buracos que restaram onde o pavimento foi retirado.

Rodrigues conta que, quando as obras começaram, o capacho verde posicionado na porta da loja passou a ser lavado diariamente, mas diz que agora eles simplesmente desistiram da lavagem diária devido à grande quantidade de sujeira que se acumula pelo chão.

Na Avenida Otávio Rocha, onde o canteiro central foi reformado para abrigar as novas bancas de flores e de revistas, o concreto já apresenta deformidades. Alguns comerciantes preferem não se manifestar publicamente por medo de represálias da prefeitura, mas há insatisfação com a disposição das novas instalações. 

Em alguns pontos da Otávio Rocha, as cavidades retangulares dos bueiros foram abertas no chão, rentes às calçadas, mas sem grades de proteção, o que pode oferecer riscos a pedestres desatentos que estejam caminhando pelo local. A GZH, a Smoi informou que “acompanha diariamente as obras através dos seus fiscais”.

Mudanças de prazos e valores

O orçamento inicial era de R$16 milhões e teve um aditivo de R$ 2 milhões das obras nas calçadas, totalizando R$18 milhões. Prevista inicialmente para dezembro de 2024, no dia 6 de setembro foi publicado no Diário Oficial de Porto Alegre (Dopa) um termo aditivo prorrogando a vigência das obras até 6 de fevereiro de 2025. O valor também foi atualizado para R$ 20,21 milhões.


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