Piquetchê do DG
Conheça Balaka, o coreógrafo dos CTGs
Criador de mais de cem números em 2023, profissional acumula títulos no Enart, sendo o mais recente com o DTG Poncho Verde.
Por trás do espetáculo apresentado no palco principal do Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart), como o que ocorreu no final de novembro, em Santa Cruz do Sul, existe muito trabalho e criatividade. Uma das figuras mais importantes nesse bastidor é o coreógrafo, que cria a dança conforme o tema proposto. Conhecido no meio tradicionalista, o coreógrafo Alexsandro Ferreira de Lima, o Alex Balaka, 43 anos, coleciona 15 premiações só no Enart.
Neste ano, Balaka foi vencedor nas modalidades coreografia de entrada e de saída, pelo DTG Poncho Verde, de Panambi, primeiro colocado nas Danças Tradicionais Força A do Enart. Mas, além do Poncho Verde, Balaka criou coreografias para mais 12 grupos que passaram pelos palcos do evento. Ainda mais surpreendente é o número total de coreografias criadas por ele em 2023:
– São 104 coreografias, 52 grupos, um número bem expressivo. Tive contato com mais de 1.300 alunos. Vivo na estrada. Nos últimos três meses que antecederam o Enart, rodei cerca de 30 mil quilômetros de carro.
São mais de 20 anos atuando como coreógrafo com CTGs e outros trabalhos.
– Fiz minha vida em volta da dança. Construí família, minha casa, tudo em volta da dança – destaca Balaka, que, atualmente, mora em Francisco Beltrão, no Paraná.
Didática
No Enart, por exemplo, os grupos apresentam danças tradicionais definidas. Mas a grande surpresa são as coreografias inéditas de entrada e saída. Foi nesse nicho que Balaka se especializou:
– Me profissionalizei em coreografias de entrada e saída. Todos os CTGs têm os professores que mantêm o trabalho com os grupos durante o ano. São eles que me contratam para montar as coreografias de entrada e saída para o Enart ou outros concursos. O professor faz a manutenção do que eu criei. Circulo muito por diversas cidades gaúchas e nos Estados do Sul do país – explica.
Para o coreógrafo, que trabalha com grupos consagrados e iniciantes, o trabalho é adaptado a cada CTG e categoria.
– O que muda, na prática, é a didática. Tem grupos que se consegue trabalhar de uma maneira um pouco mais rápida, tem outros que demoram um pouco mais. Às vezes, é questão de menos ou mais tempo de ensaio. Também existe a diferença de idade, pois tenho a preocupação de respeitar o desempenho físico – detalha.
Inspiração
Antes de chegar no resultado da apresentação, o pontapé é a escolha do tema.
– Primeiro vem a escolha do tema, depois se desenvolve a sonorização com definição da música e, após, a parte da coreografia, o que vai para a pista. Mas o processo tem muitos detalhes, como estudos históricos e montagem de roteiro – conta.
No início deste mês, Balaka recebeu troféus pela criação de 30 coreografias no Festival Paranaense de Tradição e Folclore (Fepart). Tanto destaque impressiona pela capacidade de criações inéditas, e ele conta como é esse processo:
– A inspiração vem das coisas menos óbvias. A criatividade é como se fosse uma caixa que vamos tirando inspiração, se não colocar nada dentro, uma hora acaba. Eu leio muito, estudo muita coisa. Uma fotografia, às vezes, inspira uma movimentação, uma música inspira, uma paisagem, um texto, várias coisas inspiram. É importante alimentar a criatividade.