Com o objetivo de resgatar pessoas LGBT+ para o Carnaval e levar ainda mais pluralidade à festa, foi escolhida no domingo passado a Corte da Diversidade 2024 de Porto Alegre. Coube ao grupo de jurados — do qual tive a honra de fazer parte — selecionar três representantes entre as oito candidatas que estavam concorrendo. Vão reinar no próximo ano: Maria Estela (Rainha da Diversidade), 30 anos, representante de Bambas da Orgia, Valentina Brandão (Primeira Princesa), 26 anos, da Império do Sol, e Alicia Soares (Segunda Princesa), 25 anos, da Resenha na Sala. Elas substituem a Corte de 2023, composta pela Rainha Natascha Voguel e as Princesas Ellen Miamyy e Luma Oliveira.

— Mais um ano que conseguimos fazer o concurso, com muita garra. É sobre representatividade. Usar uma faixa e uma coroa não é ostentação e, sim,  sobre verem mulheres trans e travesti, artistas transformistas quebrando expectativa social e cultural . E assim seguimos edição após edição — afirma a organizadora do concurso e presidente da Casa de Descentralização (Casa D), Camila Rodrigues.

Na quarta-feira (6), recebi o novo trio da Diversidade na redação do DG para uma sessão de fotos. Aproveitei e bati um papo com as gurias para saber mais sobre suas trajetórias no Carnaval, inspirações e o que esperam daqui pra frente. Confira!

Rainha da Diversidade: Maria Estela

/// Profissão: social media

/// Trajetória no Carnaval: “Eu iniciei no Carnaval em 2019 no concurso para eleger a primeira Corte da Diversidade da Bambas da Orgia. A Natascha Voguel ficou como Rainha e eu fiquei como Primeira Princesa. Também fizeram parte o Jorge (Junior), como Rei, e a Ellen Miammy, de Segunda Princesa.”

/// Inspiração: “A minha família toda é do Carnaval, a inspiração vem de casa. Eu tenho uma tia que é rainha de bateria que, de alguma forma, me inspirou muito.”

/// Diversidade pra mim é: “Particularidade, são gostos, aquilo que a gente é, e aquilo que a gente tem como selo.”

/// Expectativa para o reinado: “Estou muito ansiosa para movimentar o Carnaval, trazendo novos corpos, que são muito importantes. A gente está em lugar de destaque, sendo referência, e abertas para que as pessoas nos conheçam, saibam das nossas histórias, das nossas jornadas, das mulheres que somos. Tudo isso está mexendo bastante comigo.”  

Primeira Princesa: Valentina Brandão

/// Profissão: cabeleireira

/// Trajetória no Carnaval: “Minha trajetória se iniciou ainda criança, com oito anos de idade, como passista mirim da Unidos do Capão. Em 2016, eu fui a Primeira Princesa da Diversidade do Carnaval municipal de São Leopoldo. De lá pra cá, desfilei em várias cidades da Região Metropolitana. Já desfilei também com a Império do Sol aqui no Carnaval de Porto Alegre. Esse ano, inclusive, vim no (carro) abre-alas da escola.”

/// Inspiração: “Não venho de uma família carnavalesca, sou a primeira pessoa assumidamente carnavalesca da minha família. Mas uma pessoa que sempre me inspirou, também como militante LGBT+ o ano inteiro, é a Fabielly (klimberg), que hoje em dia é rainha de bateria da Vila Mapa.”

/// Diversidade pra mim é: “Inclusão, diversidade de gêneros, de pessoas, de corpos, de raças também. Levo muito a diversidade para o lado da inclusão.”

/// Expectativa para o reinado: “Acredito que vai ser um Carnaval maravilhoso. Quero dar continuidade, junto com a Corte, ao excelente reinado que as meninas fizeram este ano. E espero representar o Carnaval não apenas na época do Carnaval, mas o ano inteiro.”

Segunda Princesa: Alicia Soares

/// Profissão: comunicadora e auxiliar de cabeleireiro

/// Trajetória no Carnaval: “Comecei em 2015, no Carnaval de Pelotas, como passista. Na época, eu não me denominava como Alicia, meu nome era Matheus. Em 2018, fui Rei do Samba em Cruz Alta. Em 2019, comecei minha transição para Alicia e, em 2020, retornei a Cruz Alta e fui coroada Rainha do Samba. Também já fui passista da Imperadores do Samba e sou Rainha trans do portal Resenha na Sala.”

/// Inspiração: “Raquel Nunes (idealizadora do projeto Mini Divas) é uma pessoa que me inspira muito – inclusive, ela sabe disso –, Mari Mola (Rainha do Carnaval 2023 do Rio de Janeiro), Mayara Lima (Rainha de bateria da Paraíso do Tuiuti), Maryanne Hipólito (passista do Salgueiro)...”

/// Diversidade pra mim é: “Normalizar o que as pessoas acham diferente, normalizar que é possível sim e que não tem nada de anormal no que prejulgam diferente.”

/// Expectativa para o reinado: “Minha expectativa é o anseio de representar, já que me foi dada essa missão, e fico muito lisonjeada. Quero honrar o legado que as meninas de 2023 deixaram e mostrar para as próximas garotas que é possível ter grande visibilidade.”