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Eu Sou do Samba

As mulheres que fizeram história no Carnaval e na música brasileira

Colunista Alexandre Rodrigues escreve sobre Carnaval e samba todas as sextas-feiras

08/03/2024 - 12h58min

Atualizada em: 08/03/2024 - 13h01min


Alexandre Rodrigues
Alexandre Rodrigues
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No Dia Internacional da Mulher, Eu Sou do Samba chega para lembrar que o Carnaval deve muito às mulheres. Selecionamos, aqui, quatro personagens fundamentais para a origem e sustentação da maior festa popular do Brasil. Certamente, muita gente já ouviu os nomes, mas poucos conhecem suas histórias.

Tia Ciata (1854 — 1924)

Considerada matriarca do samba, a partideira (cantora de partido alto) Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata, nasceu no Recôncavo Baiano e mudou-se para o Rio de Janeiro após a abolição da escravatura. Em sua casa, localizada na região da Praça Onze, ela promovia rodas de samba onde músicos, compositores e dançarinos se reuniam para celebrar a cultura afro-brasileira. Essas reuniões eram frequentadas por figuras como Pixinguinha, Sinhô, entre outros. Pelo Telefone, de autoria de Donga e Mauro de Almeida, e considerado o primeiro samba gravado no Brasil, em 1916, foi composto por lá.

Reprodução / Reprodução
Tia Ciata

Madrinha Eunice (1909 — 1995)

Deolinda Madre, a Madrinha Eunice, fundou a escola de samba mais antiga de São Paulo ainda em atividade, a Sociedade Recreativa Beneficente Esportiva da Escola de Samba Lavapés Pirata Negro, em 1937. Comerciante, ela era economicamente independente e inspirou gerações de mulheres a buscarem pelo mesmo — fazendo pensar sobre as origens do movimento feminista no Brasil. Em 2022, ganhou uma estátua de bronze em tamanho natural no bairro da Liberdade, em São Paulo, onde a escola começou.

Reprodução / Reprodução
Madrinha Eunice

Chiquinha Gonzaga (1847 — 1935)

Francisca Edwiges Neves Gonzaga, a Chiquinha Gonzaga, foi uma compositora, pianista e maestrina brasileira. É uma das figuras mais importantes da música popular brasileira do século 19. Foi uma mulher à frente de seu tempo, desafiando as normas sociais da época. Compôs a primeira marchinha carnavalesca do país, Ô Abre Alas, para o cordão Rosa de Ouro, em 1899 — os cordões eram um embrião do que são as escolas de samba hoje. Também teve papel importante na luta pela abolição da escravatura no Brasil e pelos direitos das mulheres. Ela se envolveu ativamente em movimentos políticos e sociais de sua época, utilizando sua influência e sua arte como ferramentas de transformação social.

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Chiquinha Gonzaga

Dona Ivone Lara (1922 — 2018)

Considerada a grande dama do samba, Dona Ivone Lara, cujo nome de batismo era Yvonne Lara da Costa, começou sua carreira na música nos anos 1940, quando ingressou na ala dos compositores da escola de samba Prazer da Serrinha (RJ), onde seu pai era presidente. Nos anos 1960, foi impedida de assinar as músicas que compunha para a escola Império Serrano, pois não era socialmente aceito uma mulher compondo sambas-enredo. Cursou enfermagem e trabalhou com a psiquiatra Nise da Silveira, como terapeuta ocupacional. Foi uma das primeiras assistentes sociais do Brasil e atuou para a humanização do tratamento de doentes mentais.

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Dona Ivone Lar

Por aqui

/// Em Porto Alegre, temos as porta-estandartes, que representam até hoje a resistência de uma tradição símbolo da força feminina. Sem contar as presidentes das escolas, vices, representantes das ligas, auxiliares de barracão, integrantes das baterias... Mulheres que não baixam a guarda frente ao machismo enraizado na nossa cultura carnavalesca.  A todas essas e muitas outras, deixo aqui a minha reverência. Que possamos, cada vez mais, ver as mulheres brilhando e sendo respeitadas dentro e fora da Avenida. Vocês são fundamentais! Vocês são o Carnaval.

Vem aí o Carnaval Descentralizado

No dia 16 de março, a Esplanada da Restinga vai virar passarela para as cinco escolas de samba do Carnaval Descentralizado de Porto Alegre. São elas: Filhos da Candinha, Império dos Herdeiros, Acadêmicos da Orgia, Mocidade da Lomba do Pinheiro e Imortais Tricolores. O evento — além de viabilizar o desfile do extinto Grupo Bronze — tem como objetivo não deixar as agremiações “morrerem”, como afirma a coordenadora Helena Fernandes:

Comunicação Carnaval Descentralizado / Divulgação
Helena Fernandes

—Era o que ia acontecer (após o fim do Grupo Bronze, em 2022), por não existir um espaço onde essas escolas pudessem apresentar seus desfiles. A partir de então, foi criado o Carnaval Descentralizado.

Um grupo formado por 14 jurados vai julgar sete quesitos. Em 2025, as mesmas escolas seguem desfilando no Carnaval Descentralizado. A somatória das notas de 2024 e 2025 vai fazer com que uma delas suba para a Série Prata, em 2026. 

Anota na agenda! O Carnaval Descentralizado de Porto Alegre ocorre no sábado, dia 16 de março, a partir das 19h, com a participação de duas escolas convidadas, Gaviões da Vila Nova e Escola de Samba Galeria. Os desfiles competitivos iniciam às 22h. 

A entrada é gratuita, por ordem de chegada. Já as frisas individuais custam R$ 30, as frisas fechadas para oito pessoas, R$ 240, e o camarote/bar, R$ 50. Maiores informações podem ser obtidas por meio do número (51) 99171-3409.

Em tempo: Eu Sou do Samba voltará com mais informações sobre o evento na edição da próxima sexta-feira.

Blocos de Cachoeirinha

Cachoeirinha realiza amanhã mais uma edição do seu Carnaval de rua, com desfile dos blocos AfroTchê, Mancha Verde, Mulemba da Caxu, Skenta e Viva o SUS, além da escola de samba do bairro Vista Alegre, Rosas de Ouro. O evento ocorre na Praça da Juventude, a partir das 20h30min, e contará com a participação especial da Acadêmicos de Gravataí, atual campeã do Carnaval de Porto Alegre.

Conforme a Secretaria Municipal de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo (Smcelt), a cidade ficou 10 anos sem promover Carnaval, que foi retomado no ano passado com a participação de mais de 2 mil pessoas.

— Queremos que este ano a festa seja ainda maior, com a participação das famílias e dos foliões nesta grande celebração popular — afirma o secretário Ildo Júnior.

Samba do Quintana 2024

Após o sucesso na temporada 2023, o Samba do Quintana, promovido pela Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), retorna à Travessa dos Cataventos neste domingo, abrindo a programação de 2024. O evento gratuito terá performances da banda residente Thiago Ribeiro & Amigos e de Andréa Cavalheiro, a partir das 16h.

O projeto realizado pela CCMQ foi criado pela jornalista e pesquisadora musical Bruna Paulin. Lançado em junho de 2023, tem como objetivo promover mensalmente a cultura do samba e oferecer espaço para os compositores locais apresentarem suas obras. No ano passado, o Samba do Quintana mobilizou mais de 4 mil pessoas e promoveu o trabalho de 19 artistas locais e uma participação nacional.

— Encontramos um público diverso e animado, que se interessa tanto pelos clássicos do samba quanto por descobrir novas canções e compositores. A importância de um evento de rua, seguro, acessível e diverso para a população de Porto Alegre se confirma na resposta do público — comenta Bruna.

Em caso de chuva, o evento deste domingo será transferido para 17 de março. Para mais informações, acesse o perfil do Instagram @ccmarioquintana.

Isadora Neumann / Agencia RBS
Evento ocorre na Casa de Cultura Mario Quintana

Eventos

Inauguração do Boteko da Princesa Isabel — Hoje, às 23h, no Boteko da Princesa Isabel (Avenida Princesa Isabel, 795). Atrações: Dhema, Dj Giovane, Grupo Swuinga Brasil, Grupo Daniel Rosa e Banda Black. Mais informações no perfil do Instagram @botekoprincesaisabel ou por meio dos WhatsApp (51) 99285-3827 e (51) 98358-2998.

Blocos de rua de Porto Alegre — Circuito Praça das Nações Unidas (Petrópolis), amanhã, das 12h às 22h. Circuito Orla da Diversidade (Orla do Guaíba), neste domingo, das 13h às 23h. De graça.

Troféu Setor 1 — Neste domingo, às 19h, no Centro de Eventos Estação da Alegria (Avenida Bernardino Silveira Amorim, 911). Ingressos individuais serão vendidos somente na hora por R$ 30. Mesas podem ser reservadas pelo WhatsApp (51) 99278-8880, por R$ 130 (para quatro pessoas, primeiro lote).


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