Comércio prejudicado
Quedas de energia elétrica levam lojistas do Centro Histórico a fechar as portas ou recorrer a geradores
Setor estima perdas milionárias após três dias seguidos com falta falta de luz; problema é registrado em período marcado pelo aquecimento das vendas
Lojistas de uma parte do Centro Histórico de Porto Alegre têm convivido, desde quarta-feira (28), com quedas frequentes de energia elétrica. Sem luz, os estabelecimentos não conseguem operar os sistemas de atendimento aos clientes, manter ambientes climatizados e alimentos refrigerados.
Ainda não é possível dizer quantas lojas foram afetadas nesses três dias. Mas o setor reporta perdas elevadas em razão da redução das vendas ou a gastos extras com, por exemplo, o aluguel de geradores.
— Isso está afetando absurdamente o comércio. A gente calcula milhões em prejuízo, na totalidade das centenas de comércios que estão sendo afetados pela falta de energia — afirma o empresário Petrys Antonello.
Consultor de uma ótica, Antonello relata que a loja também ficou sem internet e telefone fixo. Na quarta-feira, teve de fechar as portas para o público às 17h, quase duas horas antes do horário previsto. Já na quinta (29), encerrou as atividades às 16h. A medida também foi adotada por outros estabelecimentos próximos.
— Teve uma tarde que não tivemos vendas porque os clientes nem compareceram. A gente não está sendo informado. Ligamos pra lá e não nos respondem. A própria companhia de energia não sabe o que está ocorrendo, de fato — reclama Antonello.
Problema afeta o Liquida Porto Alegre
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre ressalta que o problema no fornecimento atinge parte sensível da cidade, pois possui inúmeros negócios pequenos que, em sua maioria, não têm estrutura ou condições para arcar com geradores de energia.
— Esse período é difícil porque normalmente os últimos dias do mês são os melhores para as vendas. E o problema afetou esse período de maneira muito forte. Estamos exatamente nos dias finais do Liquida Porto Alegre, quando as pessoas aproveitam mais as ofertas e os varejistas buscam se desfazer dos estoques para comprar os produtos da próxima estação. Houve um grande investimento para promover o Liquida e agora uma parte da cidade está se vendo em dificuldades de atuar, de atender seus clientes — comenta o presidente da entidade, Irio Piva.
Segundo o empresário e presidente da CDL na Capital, não é descartada a possibilidade de alguns estabelecimentos prorrogarem as promoções do Liquida Porto Alegre por mais alguns dias.
No entendimento de Piva, existem duas questões que prejudicam o setor numa hora dessas: a demora para restabelecer a energia elétrica e a falta de informações por parte da CEEE Equatorial.
— Não estamos livres de acontecer um problema. O grande dificultador é a morosidade da solução, a dificuldade de conseguirmos uma resposta efetiva. Muitas vezes, o comerciante está ali esperando, não sabe se a luz volta em 30, 60 minutos ou no restante do dia. Acaba segurando a sua equipe e às vezes não volta até o final do dia, o que causa ainda mais problemas. Tem o problema da morosidade, também tem o problema da falta de informação.
O que diz a CEEE Equatorial
A CEEE Equatorial foi contatada pela equipe de reportagem de GZH em busca de um posicionamento sobre o ocorrido. A concessionária respondeu com a nota enviada à imprensa na última quinta-feira.
No comunicado, é destacado que "uma falha em um componente da rede subterrânea ocasionou o desligamento de energia" no Centro Histórico. Segundo a empresa, "as manobras foram realizadas até as 18h32min (de quinta-feira), quando todos os clientes da região foram religados".
A CEEE Equatorial conclui a nota informando que "seguirá realizando manutenções preventivas para evitar novas ocorrências, no centro da Capital e em toda sua área de concessão, conforme necessidade de cada região".