Sobrecarga
Com emergências restritas e UPAs lotadas, pacientes enfrentam dificuldades e demora em busca de atendimento
Secretaria Municipal de Saúde aponta que vinda de pacientes da Região Metropolitana sobrecarrega a Capital
Com seis emergências adultas de Porto Alegre superlotadas, pacientes que procuram as Unidades de Pronto Atendimento também enfrentam dificuldade e demora no atendimento. Na manhã desta quarta-feira (3), GZH circulou no Pronto Atendimento da Bom Jesus, Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul e na Unidade de Pronto Atendimento Moaycr Scliar, na zona norte de Porto Alegre.
Conforme o painel da Secretaria Municipal de Saúde, o Postão da Cruzeiro estava com 300% de lotação nesta manhã, com 27 pacientes para nove leitos disponíveis. O tempo de espera varia de acordo com a classificação de risco dos pacientes, feita após triagem. Para pacientes com menor gravidade, a espera pode ser superior a quatro horas.
—Eu cheguei aqui meio-dia (de terça) e fui atendida às quatro horas da tarde. Fiz exame cinco e meia e saí uma e meia —disse a operadora de caixa Gabriela Flores, que retornou ao Postão nesta manhã para buscar o exame.
No Pronto Atendimento da Bom Jesus, pacientes com classificação verde também relataram esperas longas. No prédio ao lado, a Unidade de Saúde Bom Jesus registrava longas filas de pacientes que aguardavam consultas, encaminhamentos e vacinas.
Já na UPA Moacyr Scliar, três pacientes que conversaram com GZH afirmaram ser da Região Metropolitana. Tânia Lourenço veio de Alvorada, e trouxe o marido para atendimento. A espera passava de oito horas.
— Já fui duas vezes ali e dizem que tem que esperar. Ele tá sentado ali, com dor do lado da barriga. No Hospital de Alvorada nem chegamos a ir, não adianta, não estão atendendo — disse.
Já o aposentado Orivaldo Silveira mora em Canoas, mas estava em Porto Alegre quando a perna começou a inchar. Por proximidade, buscou a UPA da zona norte.
— Não deram prazo, só disseram aguarda lá na frente. Então vamos esperar. Lá dentro tem bastante gente, até saí para tomar um ar — disse.
Conforme a secretaria municipal de Saúde, a vinda de pacientes dos municípios vizinhos, principalmente Alvorada, Cachoeirinha e Viamão, aumentou a demanda em Porto Alegre.
— Eu acho que precisamos colocar o paciente de volta aos seus locais, porque Porto Alegre não aguenta mais. Nós não teremos condições para poder suportar isso, se continuar ainda por muitos dias — disse o secretário Fernando Ritter, em entrevista ao Gaúcha Atualidade na terça (2).
Situação dos hospitais
Nos hospitais, o cenário mais crítico é registrado no Clínicas, que tem 141 pacientes para 56 leitos, com 251% de lotação e restrição de atendimentos. No Hospital Nossa Senhora da Conceição, eram 86 pacientes para 51 leitos na manhã desta quarta-feira, e eram atendidos apenas casos considerados graves. Instituto de Cardiologia, Santa Casa, São Lucas da PUC e Restinga também operam acima da capacidade.