Sonho paralímpico
VÍDEO: Paratleta gaúcho lidera ranking mundial e sonha em competir em Paris
Dentro de sua categoria, Wallison é o mais rápido nos 200m rasos no paratlestimo mundial. Convocado para competir em mundial no Japão, ele está na expectativa pelos jogos paralímpicos
Seis vezes por semana, Wallison Fortes, 27 anos, se desloca de Eldorado do Sul até o Centro Estadual de Treinamento Esportivo (Cete), na Capital. Na pista de atletismo, ele se prepara realizar um sonho: representar o Brasil nas Paralimpíadas de Paris. Atualmente, o morador da Região Metropolitana é o primeiro colocado no ranking mundial dos 200 metros rasos — e ainda ocupa a terceira colocação nos 100 metros rasos.
As boas marcas na temporada 2024 alimentam o caminho até a Europa. Mas a esperança de estar nos próximos jogos paralímpicos ainda foi reforçada no último dia 8 de abril.
Wallison foi convocado pela primeira vez para representar o Brasil numa competição internacional. Será no mundial de atlestimo paralímpico de Kobe, no Japão, durante o mês de maio. Essa é a última grande competição antes dos jogos de Paris.
— A expectativa é grande, porque estamos numa crescente, sinto a minha evolução. O foco é matar a charada em Kobe, estar entre as colocações que garantem vaga nas paralimpíadas — projeta Wallison.
Primeira competição internacional
Apesar de ser a primeira convocação, não é a primeira competição internacional do rapaz. Desde 2022, o Diário Gaúcho acompanha a corrida de Wallison no atletismo. Em setembro daquele ano, ele conseguiu ir para o Marrocos, competindo de maneira independente.
O objetivo era participar da competição Internacional Para Athletics Meeting Marrakech, que lhe daria classificação internacional — exigida pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) para ser convocado oficialmente pela Seleção Brasileira. Wallison não só participou do torneio, como foi o grande campeão:
— Aquele foi um momento bem diferente, fui para lá completamente sozinho, um grande desafio. Agora, para o mundial no Japão terei todo um acompanhamento dos profissionais da Seleção Brasileira.
O atletismo surgiu na vida de Wallison depois de um acontecimento que poderia lhe ceifado o sonho de ser um esportista. Em julho de 2017, um acidente de moto acabou mudando drasticamente a vida do rapaz. Por conta das lesões, ele precisou amputar parte da perna direita.
Com o apoio da família, o jovem pouco se abalou e usou o acontecimento como inspiração para lutar novamente por aquilo que, devido à idade, já tinha aceitado que não conseguiria mais: seguir carreira no esporte.
Jornada no esporte começou na natação
O desejo era competir no atletismo, mas, sem dinheiro para as próteses de corrida, ele partiu para a natação. Entretanto, o desempenho nas competições não agradou Wallison. Sem conseguir tempos que lhe qualificassem para disputas de alto rendimento, veio a mudança para o atletismo em 2021. A prótese ainda não era a ideal, mas logo viriam os equipamentos adequados.
— Eu usava uma próteses para o trote, uma corrida leve. Isso exigia muito esforço para a corrida, o que culminava em lesões. Mas quando consegui a prótese adequada, melhorou muito — recorda Wallison.