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Onze anos e seis meses após tragédia, prédio da boate Kiss começa a ser demolido em Santa Maria 

Familiares das vítimas do incêndio de 2013 foram chamados para a frente da edificação e soltaram 242 balões brancos. Letreiro foi removido dando início oficial à derrubada da estrutura

10/07/2024 - 20h50min


Lucas Abati
Lucas Abati
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Foi sob tempo chuvoso e temperatura de 6ºC que teve início, às 9h desta quarta-feira (10), a solenidade de demolição do prédio da Boate Kiss, no centro de Santa Maria, 11 anos e seis meses após o incêndio que deixou 242 mortos na casa noturna. A cerimônia começou no estacionamento do mercado em frente ao prédio, mesmo local usado como base de operações na noite da tragédia, em 27 de janeiro de 2013. 

O ato foi iniciado com a leitura de uma carta escrita pelo presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, Gabriel Barros. "Estou te enviando essa carta para te agradecer pela companhia nos últimos anos. Sei que passamos por momentos difíceis e que minha presença, muitas vezes, trazia lembranças extremamente desagradáveis. Aos poucos, minha fachada se transformou em mural, e minha permanência se transformou em símbolo da luta por um futuro justo e seguro para todos nós", cita trecho da carta.

 Em seguida, arquitetos e engenheiros envolvidos no projeto do memorial da Kiss discursaram, assim como autoridades e membros do Ministério Público.

— A ideia é continuar sendo uma fachada dura, uma fachada muito potente, com simbologia, que as pessoas continuem a olhar pra ela e lembrar, por mais duro que seja — explicou o arquiteto Felipe Zene Motta sobre a concepção do projeto.

"Transformação da dor em amor"

A solenidade também reconheceu com uma placa os três ex presidentes da associação. 

— É a transformação da dor num ato de amor, é um memorial de amor a ser construído, mas também um marco à prevenção. Ele dá início a uma era de fiscalização e acompanhamento de bares, casas noturnas, para que seja passado a limpo para a sociedade — disse Flávio Silva, ex-presidente da Associação.

Ao final, familiares foram chamados para a frente da boate e soltaram 242 balões brancos. Um a um, pais e familiares soltavam os balões que simbolizam cada uma das vítimas. Uma oração e um discurso do atual presidente da associação precederam o ato final que foi a remoção do letreiro.

— A gente tem oito meses para saber se vai ser um memorial à justiça ou à impunidade — finalizou Gabriel Barros.

Às 10h20min, o letreiro que estava suspenso no local original foi lentamente removido dando início oficial à demolição do prédio. 

Na sequência, tapumes foram abertos e as portas derrubadas.



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