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Seu problema é nosso

Paciente aguarda alteração de rota de transporte social há cerca de dois anos

Embarque ocorre há 20km da casa de Edson em Viamão. Ele realiza hemodiálise na Capital.

24/07/2024 - 05h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho

Uma mudança de endereço criou dificuldades na vida de Edson Abreu da Silva. Há dois anos, ele se mudou para o Quilombo Gomes e Silva, em Viamão. Porém, o transporte social que o leva para realizar hemodiálise não o busca nem o larga na sua morada atual, e sim na antiga. Segundo Edson, o embarque ocorre na RS-140, cerca de 20km de distância da sua casa. Por isso, ele precisa encontrar alternativas para se deslocar até lá três vezes por semana, quando realiza o procedimento:

– Eu estava indo até a faixa, que é onde eles me buscam, no meu carro, porém, ele estragou. Tentei ir de ônibus também, mas não existem linhas na hora em que volto. Então, comecei a pegar táxis, mas o valor é de R$ 64 por trecho e eu não tenho como pagar.

Atualmente, Edson recebe benefício do governo pela sua condição. No entanto, ele descreve que gasta cerca de metade do valor em remédios, o que impossibilitaria se deslocar até a estrada tantas vezes. 

Outra queixa foi quando chegou de uma sessão de hemodiálise passando mal e foi deixado no ponto de desembarque sem nenhum amparo. Edson conta que sua filha teve que buscá-lo e que não recebeu apoio do motorista.

O leitor afirma que fez o pedido de alteração de endereço para a Secretaria de Saúde de Viamão há dois anos. Porém, a resposta foi que a mudança de rota atrasaria a busca de outros pacientes. Então, o órgão disse que ele deveria realizar suas sessões de hemodiálise no município em que mora, e não mais em Porto Alegre. Contudo, Edson descreve que faz seu tratamento no Hospital Santa Casa da Capital desde que descobriu sua insuficiência renal. 

Além disso, está na fila de espera de um transplante de rim na instituição e pode ser chamado a qualquer momento, por isso não pode ser transferido. Enquanto não recebe uma resposta adequada da Secretaria, Edson vive a incerteza de como serão os dias em que precisa se deslocar para realizar seu tratamento.

– Todo mundo me diz que é meu direito. Não tenho condições de ficar a vida toda indo na faixa – finaliza.

Histórico

Foi com a ajuda do Diário Gaúcho que Edson conseguiu o transporte social até as suas sessões de hemodiálise. Em agosto de 2019, ele procurou o jornal, pois recebia apenas o dinheiro da passagem do ônibus do Estado. A viagem no coletivo convencional era penosa e durava cerca de duas horas. 

Em outubro do mesmo ano, o morador foi contemplado com o transporte social que, na época, o buscava na frente de sua casa. Novamente, o leitor recorre ao DG em busca de auxílio para resolver sua situação.

Contraponto

/// Contatada pela reportagem do Diário Gaúcho, a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde de Viamão disse que Edson trocou de endereço diversas vezes e continuou sendo atendido pelo transporte social. Segundo o órgão, os veículos possuem rotas preestabelecidas para que todos pacientes cheguem pontualmente nos locais de seus tratamentos. Assim, as adaptações são realizadas quando possível, mediante fila de espera. No caso de Edson, a assessoria afirma que a solicitação de troca de endereço ocorreu há um ano e três meses e a rota não pôde e não será adaptada, “pois isso acarretaria prejuízo aos demais pacientes”. Além disso, afirma que a solução oferecida ao paciente seria “realizar o tratamento na clínica dentro do Hospital Viamão, o qual possui rota para atendimento imediato e conseguiríamos buscar no atual endereço, mas o mesmo foi irredutível com a troca de local de tratamento”.

/// Edson, por sua vez, afirma que é a segunda vez que troca de endereço e solicita a adaptação da rota. E também declara que o último pedido ocorreu há cerca de dois anos.

* Produção: Elisa Heinski


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