Seu Problema é Nosso
Paciente em hemodiálise pede apoio de transporte municipal até o hospital
Morador do interior de Viamão, com cateter no pescoço, tem se deslocado até a Santa Casa, em Porto Alegre, por meio de transporte público
Morador do interior de Viamão, o servente de obras desempregado Edson Abreu da Silva, 42 anos, enfrenta dificuldades todas as vezes que necessita ir para hemodiálise — procedimento em que uma máquina limpa e filtra o sangue, isto é, faz o trabalho que o rim debilitado não consegue fazer.
LEIA MAIS
Após um ano e meio de espera por cirurgia, Helena recupera a visão
Do Porto Seco para o México: judoca precisa de ajuda para participar de campeonato
Arroio de Cachoeirinha recebe limpeza, mas resíduos são deixados às margens
Segundo Edson, a insuficiência renal que o levou à hemodiálise foi causada pelo agravamento de um quadro de pedra nos rins. Atualmente, ele está na lista de espera para transplante renal.
Viagem longa
Desde o dia 24 de julho, depois de passar mal, Edson tem feito hemodiálise três vezes por semana na Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre. Contudo, o deslocamento de cerca de 70 quilômetros é por meio de ônibus intermunicipais, que passam pela RS-040, próximo à Parada 110, na localidade de Boa Vista. A viagem leva quase duas horas. Ele afirma que, se tivesse o apoio do município, com um carro para conduzi-lo, o trajeto não seria tão penoso.
A prefeitura paga pelas passagens, fazendo depósito no cartão TEU. Entretanto, Edson teria que pegar dois ônibus: um até o centro de Viamão e outro para a Capital. Ele, porém, prefere pegar um direto para Porto Alegre, que sai de Palmares do Sul e que não é coberto pelo uso do TEU.
— Fiz a documentação solicitando transporte da prefeitura, com o laudo médico pedindo urgência, mas faz quase um mês e ainda não conseguiram um veículo para me levar até o hospital. Dizem (a prefeitura) que é porque moro muito longe — explica Edson.
Há cinco anos, ele faz tratamento na Santa Casa em função o problema nos rins. Antes, quando morava em outro endereço, tinha o transporte municipal. Agora, em uma situação mais grave, não tem podido contar com o serviço.
Outros obstáculos
Para a realização da hemodiálise, foi colocado um cateter, que é um tubo, em uma veia no pescoço — uma opção temporária antes da colocação da fístula arteriovenosa, que dá acesso permanente para hemodiálise. Tal fator agrava a situação de quem tem que se deslocar de transporte público.
— O cateter no pescoço incomoda bastante. É uma agulha com tubos. Atrapalha na rotina e também quando vou dormir — conta Edson.
Entre tantos obstáculos, Edson ainda relata que não consegue trabalhar. Falta de ar, cansaço e anemia são alguns dos sintomas que o impedem de obter uma renda. Ele aguarda a perícia do INSS para receber auxílio-doença.
— Tenho vivido com a ajuda da minha esposa e de amigos, que me emprestam dinheiro. Tenho gastos com a passagem, que custa de R$ 13,45 cada viagem, e com almoço. Nesse tempo, cerca de um mês, já gastei mais de R$ 1 mil. Está muito difícil — lamenta Edson.
Edson está na fila de espera
A prefeitura de Viamão afirma que a solicitação de transporte de Edson já foi analisada e, no momento, ele está na fila de espera.
Em relação à demora para obter a assistência de um carro da prefeitura, o órgão justifica que é devido à demanda reprimida: “são cerca de 20 pacientes que solicitaram o serviço e estão esperando uma vaga”. Além disso, a gestão de Viamão informa que o “serviço de Transporte Social possui quatro vans com capacidade diária para atender a cerca de 50 pacientes que fazem hemodiálise três vezes por semana”.
A previsão para que o serviço seja disponibilizado a Edson é de 30 dias. A prefeitura confirma que, enquanto ele aguarda, recebe passagens de ônibus para não faltar ao tratamento e garante que está buscando alternativas para solucionar o caso.
Produção: Caroline Tidra