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De volta à sala de aula

Professora de Canoas cria festa “Divertida Mente” para receber os alunos e trabalhar as emoções 

Iniciativa de Dilce Dresch, da Escola Municipal Ministro Carlos Ludwig, no bairro Mathias Velho, foi pensada para ajudar estudantes do 1º ano a compartilharem o que sentiram com a enchente. Atividades letivas voltaram nesta quarta-feira (10), após o prédio ter sofrido com a inundação 

10/07/2024 - 20h29min


Kathlyn Moreira
Kathlyn Moreira
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As crianças de uma turma do 1º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ministro Carlos Ludwig, no bairro Mathias Velho, em Canoas, foram surpreendidas quando voltaram às aulas nesta quarta-feira (10). Retornando após mais de dois meses devido à enchente, os pequenos encontraram uma festa montada pela professora Dilce Dresch, 52 anos.

Com apoio de amigos e doações, a educadora montou uma mesa de aniversário com o tema do filme Divertida Mente 2, produção que está fazendo sucesso nos cinemas e mostra as emoções na cabeça de uma adolescente. A ideia de Dilce foi trabalhar esses sentimentos no acolhimento às crianças e ajudá-las a processar o que vivenciaram com a cheia.  

— Eu queria iniciar com um momento bem alegre, vamos conversar sobre as emoções, mas quero passar que eles têm a possibilidade de ter uma vida feliz. Aquele momento triste passou e vai servir como aprendizado. Eu fui atrás e pessoas que também foram atingidas me ajudaram, essa união que quero passar para eles — comenta a professora, que também trouxe salgadinhos e docinhos para animar a manhã. 

Uma das meninas chegou cedo e observava a organização de tudo. A pequena contava que havia dormido na sala ao lado, quando ficou abrigada na escola. Com a turma sentada na sala, Dilce fez uma dinâmica e perguntou o que deixava cada um feliz.

—A escola! —  respondeu a mesma aluna de imediato.

No andar de baixo, um cartaz foi colocado com balões para dar as boas vindas aos estudantes. Um menino de 11 anos do 5º ano contava que havia perdido o material escolar porque sua casa, que fica no mesmo bairro, foi atingida pela água.

—Ficou tudo destruído. A parede que era de gesso virou papel e teto despedaçou tudo. Estamos reerguendo tudo de novo. Agora nós temos coisas que não tinham antes, como Air Fryer, e máquina de lavar nova, fogão, geladeira novos — compartilha ele.

O diretor da escola, Leandro Lemes, conta que a água atingiu mais de 1 metro no térreo e afetou salas de aula.  Mesmo assim, a instituição serviu como abrigo para famílias, recebendo cerca de 250 pessoas, que ficaram no andar de cima e ajudaram a cuidar da estrutura. No entanto, houve um momento em que o prédio foi invadido e parte dos objetos foram levados. 

—Eles faziam a guarda para evitar saques e resgataram muitos dos nossos materiais. Tínhamos muitas coisas salvas lá em cima, mas teve um dia em que o último morador saiu para fazer o Cadastro Único, daí entraram em duas salas onde tínhamos geladeira, microondas, fornos, principalmente material de cozinha, e impressora. A maioria foi levada nessa época — relata. 

Após o episódio, a escola conseguiu comprar alguns itens e improvisar com o que ficou. O plano é ir fazendo a adaptação, inclusive para recuperar os dias letivos perdidos. Conforme o diretor, serão preparadas atividades remotas para os alunos que ainda não conseguirem voltar. A compensação ainda está sendo elaborada. 

—A gente entende todo o processo de recuperação, que é demorado. Ninguém estava preparado para um fenômeno desse tamanho. Não estamos retomando como terminamos, mas com certeza com uma estrutura suficiente para atender com carinho e com amor, porque precisamos acolher esses alunos, cada um vai ter uma história diferente — reforça o diretor. 

Kathlyn Moreira / Agência RBS
Cartaz foi preparado para dar boas-vindas aos alunos.

Escolas municipais retornam até agosto em Canoas

Das 83 instituições municipais, 46 já retornaram e as outras 37 têm previsão de reabertura até a primeira quinzena de agosto. Nesta quarta-feira (10), cinco escolas municipais de ensino fundamental retomaram as aulas. Além da Ministro Rubem Carlos Ludwig, no bairro Mathias Velho, retornaram as EMEFs Carlos Drummond de Andrade, Erna Würth, Nancy Pansera e Paulo Freire, que ficam no bairro Guajuviras, e serviram de pontos de acolhimento.

De acordo com a prefeitura de Canoas, o Ministério da Educação liberou os municípios de cumprirem os 200 dias letivos, mas ainda é necessário realizar 800 aulas-hora. A gestão diz que está reorganizando o calendário escolar, para dar o maior número possível de dias letivos, inclusive com a utilização de sábados, e disponibilizar atividades complementares para garantir as 800 horas-aulas.



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