Indumentária feminina
História que vem das revoluções: mulheres honram a tradição de bombacha
Item faz parte da indumentária das mulheres e foi aprovada pelo MTG, em 1948, como traje alternativo para festas campeiras
Durante a 75ª Geração e Distribuição da Chama Crioula, que ocorreu em agosto, em Alegrete, a presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Ilva Goulart, ganhou destaque por ter escolhido bombacha e botas como traje para participar do evento oficial. Coautora do livro Indumentária Gaúcha do MTG e pós-graduada em História, ela explica que, apesar de o vestido de prenda ser o traje feminino mais conhecido, a bombacha faz parte da indumentária das mulheres e foi aprovada pelo MTG, em 1948, como traje alternativo para festas campeiras.
— A história das mulheres com a bombacha vem das revoluções. Vários livros trazem imagens, principalmente no pampa gaúcho, de mulheres utilizando as bombachas do marido ou dos filhos para andar a cavalo e percorrer os campos — explica Ilva.
Edinéia Pereira da Silva, pró-Reitora de Pesquisa, Extensão e Cultura do Centro Universitário de Brusque (Unifebe) e pesquisadora da indumentária gaúcha, lembra que a presença das mulheres na lida campeira foi retratada na pintura pelo artista francês Jean-Baptiste Debret, na obra Viajantes da Província do Rio Grande, de 1893.
Nela, a mulher aparece montada como os homens, e não de lado, como era o costume, além de usar uma bombacha de algodão por baixo de um longo vestido.
Indumentária
A dança também tem um olhar atento para a indumentária gaúcha. A bailarina Emily Borghetti estreou, em julho deste ano, o espetáculo solo Chula, em que apresenta em seu figurino uma bombacha estilizada e confeccionada em organza, um tecido transparente e brilhante.
A escolha, segundo Emily, tem o objetivo de repensar o imaginário gaúcho também por meio do vestuário, já que o material simboliza a pele do Boitatá, figura do folclore do Estado. O modelo, conhecido como balão, é inspirado nas bombachas usadas pelo pai de Emily, o músico Renato Borghetti.
Ao questionar e subverter a ideia da chula como uma dança masculina, o espetáculo traz muito da sua visão sobre como a tradição gaúcha pode ser exaltada de diversas maneiras. O uso da bombacha também tem um sentido prático, já que é uma peça que permite mais mobilidade no palco.
— O espetáculo reforça que podemos contar nossas próprias histórias e escolher nossa própria indumentária — finaliza a artista.
*Produção: Padrinho Conteúdo