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Oito meses depois, moradores de prédio onde houve explosão em Porto Alegre continuam fora de casa

Torre 10 do condomínio no bairro Rubem Berta está sendo reconstruída. Trabalho deve ser finalizado até outubro. Incidente foi causado pelo vazamento de gás de cooktop e deixou um morto e oito feridos

03/09/2024 - 20h23min


Júlia Ozorio
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Obras de reconstrução, moradias temporárias e receio de reincidência. Esses elementos ainda fazem parte do cotidiano dos moradores do condomínio Alto São Francisco, no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre, mesmo após oito meses da explosão que atemorizou a comunidade e deixou um morto e oito feridos.

A explosão, que ocorreu em janeiro, foi causada pelo vazamento de gás de um fogão cooktop de um dos moradores da torre 10 do conjunto habitacional. Essa e as torres vizinhas — nove, 11 e 12 —, foram afetadas pela explosão. Moradores de cerca de 80 apartamentos seguem fora de casa.

Atualmente, a torre 10 está sendo reconstruída e moradores dos apartamentos estão em locais temporários. Alguns optaram por se acomodar na casa de familiares, enquanto outros usufruem do aluguel subsidiado por seguradoras até o término da construção, previsto para outubro.

Preocupação com gás e com vizinhos longe de casa

— O maior pânico ainda é a situação do gás. Qualquer coisa que aconteça, a gente já fica preocupado. É algo que a gente sabe que provavelmente não vai acontecer de novo, mas mesmo assim toma cuidado redobrado com o gás — conta Patrícia Tavares, 52 anos.

A moradora relata que na madrugada da explosão estava em casa, colocando o celular para carregar. Quando percebeu, a janela de casa arrebentou.

— Foi o cenário de guerra naquela época. Todos ficaram em pânico. Comparado ao que foi, agora está tudo bem. Ainda existe um temor, mas a gente também aprendeu a evitar essa situação — pontua Patrícia. 

Duda Fortes / Agencia RBS
Leandro Caetano Bobel, morador do condomínio, diz que preocupação agora é retorno das famílias.

Para Leandro Caetano Bobel, 28 anos, que mora no condomínio e tem ajudado os vizinhos afetados desde a explosão, a maior preocupação agora é com a volta das famílias para o local. 

— É um sonho conquistar a casa própria. Imagina você trabalhar anos e anos para conquistar o seu imóvel, seu sonho, e daqui a pouco tudo isso acontece. Você tem de sair daquele seu conforto, que você gastou caro, que você trabalhou muito para conseguir, e agora precisa ficar em um aluguel social, na casa de parente. Não é confortável para eles (os moradores afetados)— avalia Leandro. 

Ele explica, juntamente ao síndico profissional do prédio, Gustavo Cabral, que essa aflição é o que motiva as recorrentes reuniões condominiais envolvendo diferentes entidades. Essas conversas, que ao longo dos oito meses possibilitaram moradia e reformas gratuitas, agora focarão no cumprimento dos prazos da obra.

O nosso foco agora está sendo fazer os moradores dos blocos nove e 10 voltarem a residir aqui. A gente está acompanhando a obra, apontando coisas que podem ser feitas para adiantar a construção e esperando para ver o cumprimento do prazo — afirma Gustavo. 

Duda Fortes / Agencia RBS
Síndico Gustavo Cabral disse que reuniões entre as partes são frequentes.

Acordos

As moradias temporárias e a reconstrução da torre 10, assim como os reparos nos prédios vizinhos ao epicentro do estouro, são resultado de acordos feitos por diferentes entidades.

Segundo o defensor Rafael Magagnin, que atua na Defensoria Pública do Rio Grande do Sul e media o caso desde o incidente, as tratativas envolvem o condomínio, a Defensoria Pública, o Ministério Público, a construtora Tenda, a imobiliária Guarida e algumas seguradoras. A prefeitura de Porto Alegre ofertou apoios habitacionais aos residentes afetados logo que a explosão ocorreu, mas os moradores optaram por não aceitar.

— Foi assinado no mês de abril de 2024 um Termo de Composição Colaborativa em que se estabeleceu a necessidade de reconstrução da torre 10, sem custos aos moradores, e a alocação das famílias em um local seguro enquanto as obras estivessem acontecendo — contextualiza Magagnin.

Segundo o acordo, a reconstrução da torre 10, que teve danos estruturais graves, deve ser concluída dentro do prazo de seis meses, a contar da data da assinatura, com a possibilidade de prorrogação por mais 30 dias. Isso significa que em outubro as obras devem ser concluídas, uma vez que o termo foi assinado em abril. 

Quem realiza essa reconstrução é a Tenda, que ergueu o condomínio inicialmente. As obras são custeadas por seguradoras. 

Além dessas medidas, o defensor explica que foram buscadas alternativas para viabilizar medidas que permitissem um fôlego no pagamento das parcelas do condomínio, como o financiamento. Com isso, a construtora Tenda isentou seis parcelas dos clientes dos blocos nove e 10, assim como três parcelas dos moradores dos blocos 11 e 12. As taxas condominiais foram cobradas pela metade, segundo o mesmo esquema. Dessa forma, as cobranças dos encargos já foram retomados. 

O que diz a Construtora Tenda

"A construtora informa que está realizando a reconstrução da torre 10 do condomínio Alto São Francisco, em Porto Alegre, conforme previsto no contrato firmado com o condomínio e está seguindo o cronograma estabelecido. É importante ressaltar que a Tenda foi escolhida para reconstruir a torre 10 por um pedido dos moradores. O edifício foi demolido e está sendo feito novamente. A companhia não tem responsabilidade no reparo das demais torres do empreendimento.

A Tenda confirma que todos os auxílios solidários acordados com os moradores em colaboração com a Defensoria Pública do Rio Grande do Sul, foram cumpridos de forma solidária durante o período planejado.

Além disso, a empresa reitera que não tem qualquer responsabilidade no incidente no condomínio Alto São Francisco, conforme evidenciado pelo do Instituto criminalista."


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