Direto da Redação
Lúcio Charão: "Chegadas e partidas"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
Logo que se encerrou o segundo turno da eleição deste ano, entrei em férias. Eu, minha noiva, Ana, e Guaíba, nossa vira-lata resgatada da enchente, fomos à praia. Se fôssemos nós três já seria um baita período, mas conseguimos combinar aos poucos com amigos de infância e juntamos 15 adultos, quatro crianças e uma cachorra.
Num dia, à beira do mar, construindo um castelo de areia com a piazada ao redor, e parecendo um croquete, pensei como é bom estar rodeado de quem amamos, e de quem nos quer bem. Foram dias para renovar as energias e preparar novos rumos na vida profissional.
Convivi 10 anos no vaivém intenso de pessoas que toma conta do quarto andar do prédio que fica na esquina da Erico Verissimo com a Ipiranga, em Porto Alegre. Conheci muita gente, trabalhei com quem admirava desde a faculdade, formei estudantes em jornalistas, e aprendi demais. Todo dia, o mais importante sempre foi escutar. Ouvir leitores, assistentes, estagiários, repórteres, editores e chefes. Saio daqui desse edifício e vou para outro, também do grupo, lá no morro, onde começo meu desafio na RBS TV. Neste período à frente da editoria de Polícia do Diário Gaúcho foram incontáveis reportagens difíceis, perfis de vítimas de crimes, histórias tristes, mas necessárias de serem contadas nas páginas do jornal.
Ainda nesse período no DG, fui procurado pelo maior delator do crime organizado da história do Rio Grande do Sul: ele me escreveu, mantivemos contato e dois colegas o entrevistaram. A repercussão do assunto foi enorme. Alguns anos depois de ter falado conosco, ele pediu para sair do programa de proteção à testemunha. O final para quem entrega uma facção é a morte: ele foi assassinado em SC.
Obrigado
Quero deixar o meu muito obrigado à dona Maria, do Partenon, a seu Adelar, do Rubem Berta, a seu João, do Umbu, em Alvorada, à dona Clélia, do Mathias Velho, em Canoas, e aos leitores de todos os pagos desse prestigiado e querido jornal dos gaúchos. O carinho, as cobranças, críticas e elogios de vocês nos moldam e fazem com que façamos edições cada vez melhores. Nem sempre dá, mas saibam que o esforço é diário para mantê-los fiéis a irem todos os dias a uma banca e comprar seu DG. Em dezembro, começo na TV. Até lá, sigo aqui. Obrigado e até logo.