Olha que legal
Projeto leva aulas de capoeira para estudantes em situação de vulnerabilidade em Porto Alegre
Iniciativa da ONG Parceiros Voluntários é desenvolvida na Fundação O Pão dos Pobres e no Centro de Promoção da Criança e do Adolescente São Francisco de Assis
Desde setembro, o projeto Tribos Capoeira, da ONG Parceiros Voluntários, tem ofertado aulas de capoeira para crianças atendidas pela Fundação O Pão dos Pobres e pelo Centro de Promoção da Criança e do Adolescente São Francisco de Assis (CPCA), em Porto Alegre. São atendidas cerca de 240 crianças em situação de vulnerabilidade, com idades entre seis e 16 anos. As aulas são ministradas às terças e quintas-feiras por professores capoeiristas da escola Herança Cultural.
De acordo com a coordenadora do ramo educacional da ONG, Lorena Machado do Nascimento, esse é um novo formato do projeto Tribos nas Trilhas da Cidadania. Ao longo dos 21 anos de existência do Tribos, a entidade tem buscado desenvolver atividades sociais com o objetivo de trabalhar a autoafirmação dos estudantes em suas comunidades.
— Nossos projetos têm um objetivo básico que é desenvolver o protagonismo dos estudantes na perspectiva de “qual é meu lugar frente aos desafios do mundo atual” — explica.
No caso do projeto Tribos Capoeira, a coordenadora destaca que esse é um novo formato para atender crianças. Ela menciona a relevância do esporte como um meio de valorização da cultura nacional.
— É muito importante também por essas relações da capoeira com a cultura afro-brasileira, como um espaço não só esportivo, mas também cultural e artístico de um povo historicamente subalternizado no Brasil — afirma.
As atividades serão desenvolvidas ao longo de oito meses e devem se encerrar em julho de 2025.
Além da capoeira, haverá oficinas temáticas sobre diversos tópicos especiais como planejamento e organização de projetos. No final do curso, o objetivo é que os alunos desenvolvam uma ação em suas comunidades com os conhecimentos trabalhados nesses meses.
O Tribos Capoeira I e II têm patrocínio de BB Seguros, John Deere e Sicredi.
Herança coletiva
Nascida no Brasil, a capoeira carrega em seus movimentos a herança dos africanos trazidos para o país durante a escravidão. Inicialmente, era uma luta que os escravizados usavam para se defender. Porém, a prática precisava ser disfarçada dos senhores de escravos e da polícia, e passou a ser tratada como uma dança e um esporte.
O capoeirista Paulo Sérgio Duarte Cruz, ou professor Spock, como é conhecido, explica que a capoeira é filha do Brasil e “neta” da África. Conforme o professor, essa origem segue presente no esporte:
— A capoeira não foge de suas raízes. Todas as músicas contam uma história de alguém lá de trás. Toda letra tem um porquê e é isso que a gente quer transmitir para essa molecada.
O professor destaca a contribuição que o esporte pode dar no fortalecimento de vínculos das crianças:
— A capoeira tem o diferencial que é o companheirismo. Toda a capoeira é coletiva. Não tem como fazer capoeira com uma pessoa só. A gente precisa das pessoas que cantam, das pessoas que jogam na roda, da galera batendo palma. Isso que faz a energia da roda.
*Produção: Guilherme Freling