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Quase três anos

Comerciantes relatam prejuízos de até 60% com obras no Quadrilátero Central, em Porto Alegre 

Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi) mantém a previsão de conclusão de todos os serviços até maio deste ano. Trabalhos começaram em junho de 2022, com término previsto para dezembro de 2023

28/01/2025 - 11h32min


Jean Costa
Jean Costa
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Bloqueios para acessar os comércios e redução na circulação de clientes estão entre as principais reclamações de empresários que possuem estabelecimentos na região do Quadrilátero Central, no Centro Histórico de Porto Alegre. Eles apontam que as obras vêm causando prejuízos financeiros e temem um novo adiamento para a conclusão.

A prefeitura mantém expectativa de finalizar os serviços em maio. A obra começou em junho de 2022, com a expectativa de que fosse concluída em dezembro de 2023. Conforme o colunista de Zero Hora Jocimar Farina, o valor inicial era de R$ 16 milhões. Atualmente, está orçada em R$ 24,6 milhões. Os trabalhos são de competência do consórcio formado pelas empresas RGS, AGR e Elmo.

A gerente da loja Pé de Apoio, Marizete da Rosa, 47 anos, relatou a Zero Hora que as obras prejudicaram o faturamento do local nos últimos meses. O espaço, situado na Rua General Vitorino, esquina com a Doutor Flores, teve algumas das portas fechadas por alguns meses em razão dos serviços da prefeitura. Isso, segundo Marizete, espantou a clientela.

— Agora está ficando mais tranquilo, mas o movimento reduziu bastante. Nosso faturamento caiu 60%, mas estamos nos recuperando aos pouquinhos. Esperamos que termine logo, mas são quase três anos de obra. O movimento está querendo voltar, mas tivemos portas fechadas e restrições por conta de tijolos e poeira — disse.

A reportagem ouviu informalmente comerciantes de seis ruas que compõem o quadrilátero, que também relataram prejuízos de até 60% em razão das obras. A área é formada pelas ruas Doutor Flores, Uruguai, General Vitorino e Voluntários da Pátria. Inclui também trechos da Rua dos Andradas e da Avenida Borges de Medeiros.

Adilson Maciel, de 52 anos, inaugurou uma loja na rua Doutor Flores, há cerca de oito meses. O impacto da enchente somado aos problemas causados pelas obras no local geram dificuldades para a manutenção do negócio.

O barulho e as máquinas afastam os clientes. A gente entende que o prefeito está tentando melhorar a cidade, mas as obras não terminam nunca. O pessoal não circula, não se movimenta o negócio e isso prejudica a gente — conta.

Segundo o diretor-presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Írio Piva, não é possível quantificar o impacto financeiro dos serviços aos comerciantes do Centro Histórico. As obras começaram em junho de 2022 na região, mas há o entendimento por parte da CDL de que a situação impacta na rotina dos lojistas.

— As obras realmente estão demorando e atrapalhando os empreendedores. Temos depoimentos dos lojistas que referem o fato de as obras interferirem de maneira significativa na circulação e, por isso, no desempenho dos negócios na região. Ao mesmo tempo, reconhecemos o esforço da prefeitura que se deparou com imprevistos para a conclusão das obras — avalia.

Mais de 90% concluídos

De acordo com o secretário municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi), André Flores, 92% dos serviços foram concluídos.

Segundo ele, o maior desafio para concluir as atividades está na Rua Doutor Flores com a Rua dos Andradas e a General Vitorino, onde o pavimento precisou ser refeito em razão dos problemas com galerias do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae).

 — São dois trechos em que houve esse estouro e que precisamos refazer todo o pavimento da rua. Por isso, hoje é o que há de mais complexo  — afirma Flores.

A previsão é de que as obras sejam concluídas em março, com as equipes finalizando os reparos em todo o quadrilátero até o final de maio. Técnicos da pasta já estão percorrendo quadras onde o serviço foi concluído para analisar o que precisará ser reajustado.

 — De obra mesmo, ainda falta um cantinho na Andradas com a Marechal Floriano, que é onde era uma banca de revista. Só que ali é do lado de uma subestação de energia, então, tem que ser feito com todo cuidado. Também há um trecho da Andradas com a General Câmara em que precisamos finalizar alguns detalhes  — aponta o titular de Obras e Infraestrutura da Capital.

Com relação à Esquina Democrática, no cruzamento da Rua José Montaury com a Avenida Borges de Medeiros, as obras avançaram e a iluminação pública começou a ser instalada. Porém, ainda falta a colocação de bancos, lixeiras e floreiras, além de parte do piso nas calçadas.

— Esses bancos, lixeiras e floreiras já foram encomendados e chegam nos próximos dias. Tem o piso podotátil, que é na Andradas e Borges, nas calçadas que vai ser implantado também — afirma.


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