Papo Reto
Manoel Soares: "Carta do anfitrião"
Colunista escreve no Diário Gaúcho aos sábados
Fomos ensinados desde crianças que, quando um filho chega na vida de um homem, ele passa a ter uma responsabilidade. Em outros momentos, filhos são tratados como problemas, gastos que vão nos acompanhar pelo resto da vida. Essa visão equivocada da paternidade faz com que os homens não ensinem aos filhos em sua primeira infância, que vai dos zero até os seis anos de idade, como é importante demonstrar amor, afeto e admiração por este ser que nós convidamos para vir ao mundo.
Nós, homens, somos anfitrões dessas pessoas, temos que garantir que a permanência delas neste mundo seja uma experiência bacana e que as dê condições de serem anfitriões de outros. Não existe cartilha de bom pai, eu mesmo vivo me arrependendo de meus erros todos os dias, tenho milhares de motivos para pedir desculpas aos meus filhos todos os dias.
Entender que cada nascer do sol é uma oportunidade de redesenhar a relação é um começo. Nunca é tarde para começar e nunca é cedo demais. Quando o coração te diz que você precisa ser melhor, atenda o chamado. Nem tudo é grana, às vezes é atenção e afeto somente, essa criança não pode pagar pelos erros que você cometeu com a mãe dela, nem que pague pelos erros que acreditamos que a mãe cometeu. Ela é outro ser, outra pessoa, alguém que está acreditando que você é um herói, que tudo que você faz é certo. Esse poder é preciso, mas se for mal utilizado pode gerar traumas incuráveis. E o mais importante, agradeça a Deus pelo privilégio de ser anfitrião desse ser, muitos têm esse sonho e não conseguem realizar.