Corre Preto
Coletivo promove atividade física e integração entre pessoas pretas de Porto Alegre
Primeiro evento de 2025 aconteceu no domingo, na orla do Guaíba
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Aconteceu no domingo (23) o primeiro encontro de 2025 do coletivo Corre Preto. Os participantes se reuniram no Parque Marinha do Brasil e depois correram pela orla do Guaíba.
Criada em 2023, a iniciativa busca promover a prática de atividade física, mas também gerar inclusão e bem-estar para a comunidade preta de Porto Alegre.
— A nossa ideia é trazer mais pessoas pretas para atividade física. Para além de a gente resistir, a gente também viver e existir — ressalta Vitor Oliveira, 30 anos, bombeiro e um dos idealizadores do Corre Preto.
Os organizadores não divulgam o número de participantes, mas afirmam que o movimento registra aumento na adesão a cada encontro. O Corre Preto é realizado mensalmente, e a participação é gratuita.
Por meio de um formulário disponibilizado nas redes sociais, os participantes podem se inscrever em corridas de seis quilômetros, três quilômetros, além da caminhada. O projeto é aberto a corredores de todos os níveis de experiência, já que não há competição.
— Quando tu chega na Orla, por exemplo, e não vê pessoas como tu, não se reconhece e tem menos vontade ainda de correr — explicou Nicole Mengue, coordenadora de marketing e idealizadora do Corre Preto.
Dados do Ministério da Saúde indicam que a população negra é a mais atingida por doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Apesar disso, uma pesquisa feita pela Olympikus em parceira com a Box 1824 revela que somente 11% dos quase 13 milhões de corredores do Brasil se identificam como pessoas pretas.
A escritora Eliane Marquez, 46 anos, participou do Corre Preto pela primeira vez no domingo (24) e aprovou:
— É belíssimo se reunir com gente preta, que compartilha história comum, trajetória comum, amores comuns, dores comuns, e é muito legal ver a galera preta cuidando da saúde, conversando, rindo e aproveitando Porto Alegre.
O casal Marindia Rodrigues, 36 anos, e Anderson Rodrigues, 39, participa do Corre Preto desde a primeira edição e reforça a importância do coletivo.
— Quando a gente viu esse movimento na rede social a gente achou muito importante estar inseridos no meio de pessoas que, como nós, são pretas. Nós temos dois filhos e eles se sentem inseridos pela diversidade, por ver nossos pares, pessoas parecidas conosco praticando esporte — pontua Marindia.
Com o sucesso de adesão em Porto Alegre, os organizadores do Corre Preto têm planos de expansão para cidades como Salvador, Florianópolis e Rio de Janeiro em 2025.